30 setembro 2012
Extinção da Fundação Côa Parque pode levar à perda de fundos comunitários
A Associação
Territórios do Côa (ATC) manifestou-se contra a decisão
do Governo em extinguir a Fundação Côa
Parque, justificando a posição com a eventual perda
de financiamento a projetos já candidatados a fundos
comunitários.
“Esta decisão do
Governo, em extinguir a Fundação Côa Parque (FCP), foi prematura e poderá
inviabilizar algumas ações já programadas, algumas delas, com fundos
comunitários aprovados e não podemos correr esse risco”, disse Dulcineia
Catarina Moura, coordenadora da ATC.
A tomada de posição
foi dada a conhecer no decurso das Jornadas Europeias do Património,
subordinadas ao tema “O Futuro da Memória”, que agora terminam na região do
Vale do Côa e Parque Natural do Douro Internacional.
A responsável, no
entanto, diz-se confiante, acrescentando que a decisão tomada ainda poderá ser
“reversível”.
“O processo passa por
encontrar uma solução ou um novo modelo para a gestão do Parque Arqueológico do
Vale do Côa (PAVC) e do Museu do Côa (MC), que venha a viabilizar os projetos
já aprovados para a região do Vale do Côa”, disse a responsável.
Dulcineia Catarina
Moura apela também à apresentação de “um novo modelo de gestão” da FCP, ainda
no decurso do período de contestação da proposta de extinção das Fundações.
“O novo modelo de
gestão tem de aparecer rapidamente para ser possível retomar as ações
planeadas”, concluiu.
A ATC abrange uma
dezena de concelhos dos distritos de Bragança e da Guarda, que se estendem do
Sabugal a Bragança.
Fonte: Diário As Beiras
29 setembro 2012
Grande Rota do Vale do Côa
GRANDE ROTA DO VALE DO CÔA | 5 de outubro de 2012
A descoberta do rio, do território e do património, através de um trilho
Castelo Melhor - Almendra - Algodres - Cidadelhe
Percorrer a Grande Rota é fazermo-nos parte
integrante da paisagem do vale do Côa, explorando o património, a cultura e a
natureza desta região. Ao longo dos mais de 30 km deste percurso pedestre único,
atravessamos montes e vales, por terras que nos contam 30 mil anos de ocupação
humana e de arte. Nesta paisagem agreste, a natureza é ora moldada pelo homem,
nas vinhas e pomares, ora indomada, nas escarpas graníticas da Faia
Brava.
Por todos estes motivos, caminhar na grande rota deve ser atividade obrigatória, para quem quer conhecer a alma do Côa.
No dia 5 de outubro, convidamos todos a juntarem-se a nós num passeio pela Grande Rota do vale do Côa.
Por todos estes motivos, caminhar na grande rota deve ser atividade obrigatória, para quem quer conhecer a alma do Côa.
No dia 5 de outubro, convidamos todos a juntarem-se a nós num passeio pela Grande Rota do vale do Côa.
PROGRAMA
10:45-11:00 Encontro em
Castelo Melhor
11:00-14:00 Primeira etapa da caminhada
11:00-14:00 Primeira etapa da caminhada
ETAPA 1: CASTELO MELHOR/ALGODRES pela Olga Grande - 11 km
14:00 Encontro em Algodres (para quem quiser
fazer apenas uma mini-caminhada e participar no almoço e
apresentação)
14:00-14:30 Segunda etapa da caminhada
ETAPA 2: ALGODRES/SABÓIA - 3 km
14:30-15:30 Almoço/Lanche e convívio nas Hortas da Sabóia (Faia Brava) - Picnic comunitário
15:30 - 16:30 Breve apresentação do projeto proposto para o alargamento da Grande Rota do Vale do Côa da Nascente à Foz do rio Côa e discussão de ideias (Centro Difusor de Cidadelhe)
16:30-20:00 Terceira etapa da caminhada
ETAPA 3: SABÓIA/CIDADELHE pela Faia Brava e Ponte da União - 14 km
14:00-14:30 Segunda etapa da caminhada
ETAPA 2: ALGODRES/SABÓIA - 3 km
14:30-15:30 Almoço/Lanche e convívio nas Hortas da Sabóia (Faia Brava) - Picnic comunitário
15:30 - 16:30 Breve apresentação do projeto proposto para o alargamento da Grande Rota do Vale do Côa da Nascente à Foz do rio Côa e discussão de ideias (Centro Difusor de Cidadelhe)
16:30-20:00 Terceira etapa da caminhada
ETAPA 3: SABÓIA/CIDADELHE pela Faia Brava e Ponte da União - 14 km
20:30 Jam Session e Jantar
Comunitário em Cidadelhe
Traga os seus instrumentos musicais e participe na jam session!
Material a trazer: sapatos e roupa confortável para caminhar, chapéu
e protector solar, água, snacks e picnics.
Opcional: bastão de caminhada,
máquina fotográfica, binóculos, instrumentos musicais.
Transporte de merendas
oferecido pela organização.
INSCRIÇÕES E INFORMAÇÃO
INSCRIÇÕES E INFORMAÇÃO
Associação Transumância e Natureza Tel/Fax: 271 311202
Actividade gratuita
Fonte: Associação Transumância e Natureza
28 setembro 2012
Jornadas Europeias do Património 2012, o Futuro da Memória.
O património natural e cultural dos vales do Águeda, Côa e
Douro Internacional foi, nos últimos anos, objeto de ações de conservação e
valorização que permitem hoje a sua fruição, através de diversos itinerários
pelo território.
As várias entidades que tutelam a conservação e a
valorização da natureza e do património edificado e arqueológico na região, em
articulação com a Territórios do Côa, os municípios e diversas associações de
âmbito regional, propõem, nas jornadas Europeias do Património 2012, um
itinerário em que se articula um parque natural e vários monumentos
arquitetónicos, um museu de arte, sítios arqueológicos e uma aldeia histórica,
procurando trazer as mais antigas memórias dos monumentos, dos sítios e dos
parques para o presente e futuro da região, promovendo a sua fruição
patrimonial, cultural e turística.
O preço para a totalidade do programa (excluindo pequeno
almoço) é de 90€ para adultos e 80€ para crianças até 12 anos de idade.
O programa inicia-se no Pocinho à hora de chegada e partida
dos comboios da linha do Douro. Pretende-se que seja um incentivo à utilização
desta linha, viagem que é já de si uma experiência memorável de articulação
entre o património natural e cultural duriense.
A organização é do ICNF/Parque Natural do Douro
Internacional, Direção Regional de Cultura do Norte, Fundação Côa Parque e
Associação Territórios do Côa.
Informação obtida através da ACÔA - Associação de Amigos do
Parque e Museu do Côa
26 setembro 2012
23 setembro 2012
A LENDA DA CAPELA DO ANJO - Parte I
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Castelo Melhor |
Passaram séculos sobre a chegada dos dissidentes do Castelo Calabre, construtores do Castelo Melhor e de facto os fundadores do povoado que veio a adoptar o singular nome do castelo.
E digo fundadores por que não consta que outros, nomeadamente os gravadores das rochas das margens do Côa há trinta mil anos ou mais, tenham deixado outra obra ou rasto para além dos rabiscos como prova da sua presença na região e que só por acidente chegaram até nós – as gravuras.

Gravura do sítio da Penascosa
Com o crescimento do povoado e a chegada de novas gentes as novas gerações e os migrantes que em todos os tempos os houve, por um ou outro motivo, chegaram também, naturalmente, outras formas de pensar a vida e as crenças ou, se quisermos as religiões; e de tal modo se foram impondo aos que lá estavam que estes acabaram, não sei se pacificamente, por abandonar as suas, se é que alguma religião professavam e adoptaram a dominante.
Além do natural crescimento o burgo foi ganhando importância social e religiosa; no primeiro caso foram-lhe atribuídos forais por diferentes monarcas e um deles ordenou mesmo a restauração do castelo, tudo levando a crer que ou houve escaramuças que o danificaram ou então, como ainda hoje sucede, deixa de ser assistida a obra e o tempo se encarrega de a deteriorar; no que se refere à importância religiosa foi decidido que era altura de ser construída uma igreja paroquial que não será a que ainda hoje existe, mas outra mais modesta, tudo levando a crer que já ocupara o espaço da que hoje serve de lugar de culto pois todas as ruas parecem ter a igreja como centro de convergência.

Pormenor da Igreja Paroquial de Castelo Melhor
Mais tarde e tendo em conta o que desde há séculos vinha passando de geração em geração, ou seja, a promessa ao anjo São Gabriel, feita pelos fundadores, de um dia lhe construírem uma morada lá no alto do monte que veio a tomar o seu nome – monte do Anjo; foi decidido que a capela iria ser construída cumprindo-se, finalmente, a promessa antiga.
Parece que por esquecimento ou por desconsideração dos termos exactos em que a promessa fora feita, na época da negociação, entre os vindos do Calabre e a embaixada do Céu, os encarregados da construção da orada, examinando o local, concluíram que a ponta do rochedo era o local menos indicado para que a construção se fizesse; terão invocado razões de ordem económica e de segurança, para o Anjo e para os futuros veneradores em festa; logo, decidiram que seria construída no cerro da encosta, mas aí uns cinquenta metros antes da ponta do rochedo.
O responsável religioso estava de acordo, assim como a maioria das pessoas da aldeia; porém um idoso havia que o não estava: que a exigência do Anjo era diferente no que se referia ao local; todos se riram nas barbas do ancião e alguns mais atrevidos e divertidos ainda lhe foram perguntando como é que estava tão seguro disso e que, mesmo sendo o mais velho, não constava que o fosse tanto a ponto de estar na reunião que decidiu, há séculos, do local exacto onde a capela devia ser feita! Façam como quiserem, respondeu o ancião, mas... qual mas retorquiram os empreiteiros.

Capela do Anjo
O representante da igreja, presente desde o início em carne e osso na reunião também achou que não devia haver qualquer razão para que não fosse adoptada a forma mais razoável e o local mais indicado para que a capela fosse construída era o sugerido pelos empreiteiros e com o apoio da população.
O ancião encolheu os ombros e foi “pregar”, bem calado, “para outra freguesia”, como costuma dizer-se.
Ninguém se apercebeu que o espírito do Anjo esteve sempre presente na discussão, mas como não tinha sido convocado preferiu manter-se de espírito aberto e a provar-lhes, a seu tempo, que tinha sido desastrada a decisão tomada.
A obra foi iniciada e tudo correu normalmente durante o tempo em que foi terraplanado o espaço para a construção; toda a gente estava já esquecida do que o ancião dissera e a ponta do rochedo lá estava intocada.
Quando a primeira parede começou a ser levantada tudo continuava a decorrer normalmente e no final da jornada de trabalho todos voltaram à aldeia para descansar; bem precisavam, pois no dia seguinte tinham que se levantar bem cedo para chegarem a horas lá ao alto da serra e continuarem o trabalho; e não era só o dia de trabalho que cansava, mas logo antes de começarem o dia terem de subir toda a encosta que o que apetecia mais, quando chegavam, era deitar-se e descansarem novamente; durante o período de alisamento do espaço e quando acabavam a jornada e desciam ao povoado não custava muito porque a descer todos os santos e anjos ajudam; subir e trabalhar é que era mais complicado.

Altar da Igreja Paroquial de Castelo Melhor

Vitral da Igreja Paroquial de Castelo Melhor
E logo pela manhã do segundo dia da construção propriamente dita lá subiram como puderam, mais lestos uns que outros, ou porque eram mais novos ou porque tinham descansado mais; notava-se que o cansaço era diferente, mas todos chegaram. E todos viram espantados, que toda a parte da parede no dia anterior construída tinha desaparecido e os materiais utilizados estavam amontoados lá adiante na ponta do rochedo!
E de imediato se instalou a confusão; quem poderia ter feito tal serviço quem não poderia ter feito, cada um levantando a sua suspeita e quase todas se inclinavam para o ancião que dias antes, durante a reunião, lembrara a promessa feita ao Anjo.
Mas um deles, mais prudente, levantou a voz para questionar tal hipótese, alegando que o velho seria incapaz de, sozinho, desfazer e transferir para cinquenta metros mais além todos os materiais que seis homens levaram o dia inteiro a edificar! Mas ninguém se atrevia a acusar o Anjo, embora um deles tenha pensado nisso, mas ficou calado.

Capela do Anjo
Não havia carro de mão e as pedras eram muitas, como é que isto poderia ter sido feito?! Levar as pedras de braçado também estava fora de questão, pois nem três ou quatro pessoas o conseguiam fazer numa só noite!
De qualquer modo é melhor irmos falar com o velho e se ele confessar damos-lhe nas ventas e obrigamo-lo a vir connosco e voltar a pôr tudo no seu lugar; e se teve companhia será melhor trazê-la também e assim ficamos a saber quem o ajudou a dar cabo do nosso trabalho.
O ancião negou, pensando até que eles estavam a brincar ou queriam era gastar mais tempo na obra e, assim, subirem o preço contratado. Ainda foi insultado, mas manteve-se na negativa, que nada teve a ver com tal assunto.
E lá voltaram ao alto da serra recomeçando o trabalho com outras pedras e assim fizeram mais uma jornada; mas danados com o que tinha sucedido e mais ainda por não terem conseguido saber quem tinha sido o autor ou autores da proeza e bem gostavam de o saber, talvez nunca mais se metesse noutra! Eles queriam era acabar a obra para receberem o contratado e não podiam ali ficar a vida toda!
(Continua...)
Texto: Reis Caçote
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Gravura do sítio da Penascosa |
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Pormenor da Igreja Paroquial de Castelo Melhor |
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Capela do Anjo |
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Altar da Igreja Paroquial de Castelo Melhor |
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Vitral da Igreja Paroquial de Castelo Melhor |
E logo pela manhã do segundo dia da construção propriamente dita lá subiram como puderam, mais lestos uns que outros, ou porque eram mais novos ou porque tinham descansado mais; notava-se que o cansaço era diferente, mas todos chegaram. E todos viram espantados, que toda a parte da parede no dia anterior construída tinha desaparecido e os materiais utilizados estavam amontoados lá adiante na ponta do rochedo!
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Capela do Anjo |
Não havia carro de mão e as pedras eram muitas, como é que isto poderia ter sido feito?! Levar as pedras de braçado também estava fora de questão, pois nem três ou quatro pessoas o conseguiam fazer numa só noite!
(Continua...)
Texto: Reis Caçote