O dia 8 de Dezembro de 1887 ficou gravado a letras de ouro na história ibérica e, em particular, na história da região norte de Portugal.
Nesse dia memorável ficou estabelecida a ligação ferroviária que manteve o Porto em contacto com o resto da Europa durante 97 anos até que, a 1 de Janeiro de 1985, essa ligação foi incompreensivelmente suprimida. Refiro-me, claro está, à ligação ferroviária via Barca D'Alva.
A construção deste eixo fundamental para o noroeste da península padeceu de enormes vicissitudes, de avanços e recuos mas, apesar de todas as contrariedades, a obra avançou e foi concluída.
Importa aqui realçar o empenho dos empresários Portuenses que se uniram em defesa da concretização desta empreitada. De igual modo, a história da construção desta via não pode olvidar as centenas de operários que contribuíram com a força do seu trabalho para a execução do "caminho impossível". Houve vítimas mortais cuja memória é da mais elementar justiça recordar. A todos eles é devido o eterno agradecimento das gerações seguintes entre as quais nos incluímos. A magnitude da obra e os benefícios proporcionados às gerações posteriores justificam plenamente esta gratidão.
Durante esses 97 anos esta via tornou-se num elemento fundamental para o desenvolvimento das regiões que servia, tanto em Portugal como em Espanha. Houve localidades que beneficiaram em larga medida deste importante eixo ferroviário. um dos exemplos mais paradigmáticos é Barca D'Alva que, como estação fronteiriça, teve um crescimento exponencial com a chegada do comboio. De facto, para suporte deste enclave ferroviário houve necessidade de ali estabelecer vários serviços, nomeadamente o das alfândegas. Estima-se que em Barca D'Alva trabalhassem nessa época mais de meia centena de pessoas envolvidas nas operações ferroviárias e alfandegárias. Mas não foi apenas Barca D'Alva que beneficiou desta nova infraestrutura de comunicação. Também o Pocinho e todo o concelho de Vila Nova de Foz Côa saíram a ganhar com a ligação a Espanha. Do outro lado da fronteira os benefícios foram semelhantes. Passando do contexto local para o contexto regional, toda a região do Douro ganhou com esta ligação. O Porto, em particular, passou a poder exportar para toda a Europa, e com menores encargos, o mais emblemático produto que ostenta o nome da cidade, o vinho do Porto.
Por tudo isto, quando hoje se fala em exportar a preços competitivos, não se compreende como é que este eixo continua encerrado.
Ponte internacional Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Viaduto de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Cocheiras na estação de Barca D'Alva Foto: Martin Dieterich |
Estação de Barca D'Alva Locomotiva Diesel Portuguesa e Ferrobus Espanhol lado a lado Foto: Martin Dieterich |
Estação de Barca D'Alva Ferrobus Espanhol Foto: Martin Dieterich |
Barca D'Alva - Ponte Internacional Foto: Martin Dieterich |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação de Barca D'Alva Autor desconhecido |
Estação do Côa Foto: Foto Felizes |
Foto: Emílio Biel |
Viaduto do Vale da Veiga Autor desconhecido |
Estação do Pocinho Foto: Martin Dieterich |
Estação do Pocinho Foto: Martin Dieterich |
Estação do Pocinho Foto: Geoff Plumb |
Estação do Pocinho Foto: Geoff Plumb |
Estação do Pocinho Foto: Geoff Plumb |
Estação do Pocinho Foto: Geoff Plumb |
Pocinho Foto: Geoff Cryer |
Pocinho Foto: Geoff Cryer |
Pocinho - Comboio de partida para Barca D'Alva Foto: Geoff Cryer |
Nota:
Desconhecem-se os autores de algumas das fotos que foram recolhidas da internet em várias páginas do facebook.
Se algum dos nossos leitores conhecer o autor de algumas das fotos agradecemos que nos informem.
Se algum dos nossos leitores conhecer o autor de algumas das fotos agradecemos que nos informem.
1 comentários:
“Sempre na linha d´água, fantástico, o comboio rasgava margens, enfiava-se na escarpa, atravessava o rio, de se despedia em Barca d’Alva, entrava em terras de Espanha, chegava a Salamanca. Pouco mais a norte, a História agarrava-se ao Douro castelhano. Zamora lembrava-nos Viriato e Afonso Henriques, Alcanizes D. Dinis, Tordesilhas D. João II, Toro Afonso V.
Quem agora vê aquele caminho-de-ferro deslumbra-se de raiva. Ele próprio, bem podia ser o quinto património mundial, há quatro em todo o seu percurso.
Como foi possível construí-lo nos anos de 1880?
Como foi possível destruí-lo cem anos depois?
Como foi possível o municipalismo sucumbir ao centralismo?”
Miguel Cadilhe
Barca d’Alva 09/12/2007
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