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09 dezembro 2012

Os 125 anos da ligação Porto - Salamanca - Europa


O dia 8 de Dezembro de 1887 ficou gravado a letras de ouro na história ibérica e, em particular, na história da região norte de Portugal.

Nesse dia memorável ficou estabelecida a ligação ferroviária que manteve o Porto em contacto com o resto da Europa durante 97 anos até que, a 1 de Janeiro de 1985, essa ligação foi incompreensivelmente suprimida. Refiro-me, claro está, à ligação ferroviária via Barca D'Alva.

A construção deste eixo fundamental para o noroeste da península padeceu de enormes vicissitudes, de avanços e recuos mas, apesar de todas as contrariedades, a obra avançou e foi concluída.

Importa aqui realçar o empenho dos empresários Portuenses que se uniram em defesa da concretização desta empreitada. De igual modo, a história da construção desta via não pode olvidar as centenas de operários que contribuíram com a força do seu trabalho para a execução do "caminho impossível". Houve vítimas mortais cuja memória é da mais elementar justiça recordar. A todos eles é devido o eterno agradecimento das gerações seguintes entre as quais nos incluímos. A magnitude da obra e os benefícios proporcionados às gerações posteriores justificam plenamente esta gratidão.

Durante esses 97 anos esta via tornou-se num elemento fundamental para o desenvolvimento das regiões que servia, tanto em Portugal como em Espanha. Houve localidades que beneficiaram em larga medida deste importante eixo ferroviário. um dos exemplos mais paradigmáticos é Barca D'Alva que, como estação fronteiriça, teve um crescimento exponencial com a chegada do comboio. De facto, para suporte deste enclave ferroviário houve necessidade de ali estabelecer vários serviços, nomeadamente o das alfândegas. Estima-se que em Barca D'Alva trabalhassem nessa época mais de meia centena de pessoas envolvidas nas operações ferroviárias e alfandegárias. Mas não foi apenas Barca D'Alva que beneficiou desta nova infraestrutura de comunicação. Também o Pocinho e todo o concelho de Vila Nova de Foz Côa saíram a ganhar com a ligação a Espanha. Do outro lado da fronteira os benefícios foram semelhantes. Passando do contexto local para o contexto regional, toda a região do Douro ganhou com esta ligação. O Porto, em particular, passou a poder exportar para toda a Europa, e com menores encargos, o mais emblemático produto que ostenta o nome da cidade, o vinho do Porto.

Por tudo isto, quando hoje se fala em exportar a preços competitivos, não se compreende como é que este eixo continua encerrado.


Desenho publicado em "La Ilustración Española y Americana" de Dezembro de 1887, feita a partir de uma fotografia tirada no dia da inauguração da via férrea, no momento em que os dois comboios se encontraram no meio da ponte internacional profusamente engalanada com as bandeiras.

Ponte internacional
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Viaduto de Barca D'Alva
Autor desconhecido
Cocheiras na estação de Barca D'Alva
Foto: Martin Dieterich

Estação de Barca D'Alva
Locomotiva Diesel Portuguesa e Ferrobus Espanhol lado a lado
Foto: Martin Dieterich

Estação de Barca D'Alva
Ferrobus Espanhol
Foto: Martin Dieterich

Barca D'Alva - Ponte Internacional
Foto: Martin Dieterich

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação de Barca D'Alva
Autor desconhecido

Estação do Côa
Foto: Foto Felizes

Foto: Emílio Biel

Viaduto do Vale da Veiga
Autor desconhecido

Estação do Pocinho
Foto: Martin Dieterich

Estação do Pocinho
Foto: Martin Dieterich

Estação do Pocinho
Foto: Geoff Plumb

Estação do Pocinho
Foto: Geoff Plumb

Estação do Pocinho
Foto: Geoff Plumb

Estação do Pocinho
Foto: Geoff Plumb

Pocinho
Foto: Geoff Cryer

Pocinho
Foto: Geoff Cryer

Pocinho - Comboio de partida para Barca D'Alva
Foto: Geoff Cryer


Nota:
Desconhecem-se os autores de algumas das fotos que foram recolhidas da internet em várias páginas do facebook.
Se algum dos nossos leitores conhecer o autor de algumas das fotos agradecemos que nos informem.

1 comentários:

“Sempre na linha d´água, fantástico, o comboio rasgava margens, enfiava-se na escarpa, atravessava o rio, de se despedia em Barca d’Alva, entrava em terras de Espanha, chegava a Salamanca. Pouco mais a norte, a História agarrava-se ao Douro castelhano. Zamora lembrava-nos Viriato e Afonso Henriques, Alcanizes D. Dinis, Tordesilhas D. João II, Toro Afonso V.

Quem agora vê aquele caminho-de-ferro deslumbra-se de raiva. Ele próprio, bem podia ser o quinto património mundial, há quatro em todo o seu percurso.
Como foi possível construí-lo nos anos de 1880?
Como foi possível destruí-lo cem anos depois?
Como foi possível o municipalismo sucumbir ao centralismo?”

Miguel Cadilhe
Barca d’Alva 09/12/2007

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