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Vale da Veiga

Foto: Foz Côa Friends

Estação e Foz do Côa

30 de Junho de 2012

Foto: Foz Côa Friends

Paisagem avistada junto ao Castelo Velho - Freixo de Numão

26 de Maio de 2012

Foto: Foz Côa Friends

II Passeio pedonal pela Linha do Douro

Quinta abandonada - Almendra

Foto: Foz Côa Friends

II Passeio pedonal pela Linha do Douro

Rebanho nas proximidades da Srª do Campo - Almendra

Foto: Foz Côa Friends

Terrincas

Amêndoas verdes

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Rio Douro próximo da estação de Freixo de Numão / Mós do Douro

Foto: Foz Côa Friends

Linha do Douro

Viaduto da Linha do Douro no Vale Canivães entre o Pocinho e a foz do Côa.

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho

Vista geral sobre o Pocinho a partir do santuário da Srª da Veiga.

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho

Um dos muitos pombais existentes na região.

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Onde o Côa e o Douro se abraçam.

Foto: Pedro Pego

Foz do Côa

Onde o Côa e o Douro se abraçam.

Foto: Foz Côa Friends

Foz Côa

Lagoa

Foto: Foto Felizes

Flor de Amendoeira

Foto: Foz Côa Friends

Igreja matriz de Almendra.

Templo do séc. XVI em estilo manuelino e maneirista.

Foto: Fernando Peneiras

Pelourinho de Almendra

De acordo com a sua feição quinhentista, o pelourinho datará dos anos seguintes à atribuição do foral manuelino em 1510.

Foto: Fernando Peneiras

Foz Côa

Câmara Municipal e Pelourinho

Foto: Foz Côa Friends

Pocinho e Cortes da Veiga

Vista geral

Foto: Adriano Ferreira

Quinta da Ervamoira

Foto: Adriano Ferreira

Foz Côa

Amendoeiras floridas

Foto: Adriano Ferreira

Foz Côa

Floração da amendoeira.

Foto: Adriano Ferreira

Túnel das Pariças

Linha do Douro - Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Nevoeiro sobre a foz do Côa.

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Saião (Pocinho)

Foto: Foz Côa Friends

Douro

Próximo da Quinta das Tulhas

Foto: Foz Côa Friends

Linha do Douro - Caseta

Próximo do Côa

Foto: Foz Côa Friends

Foz Ribeira Aguiar

Próximo da estação de Castelo Melhor

Azulejos

Estação de CF do Pocinho

Manifestação pela reabertura da Linha

Porto

Foto: Foz Côa Friends

Castelo de Numão

Foto: Foz Côa Friends

Capela do Anjo S. Gabriel

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Castelo Melhor

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Quinta da Granja

Foto: Foz Côa Friends

Concerto no Museu do Côa

Foto: Foz Côa Friends

Figos e Amêndoas

Foto: Foz Côa Friends

Foz do Côa

Foto: Filipe Inteiro

Orgal

Foto: Foz Côa Friends

31 maio 2011

Os caminhos-de-ferro do Douro: história e património

Pelo Douro fora, entre o rio e as serras, a viagem de comboio torna-se inesquecível, mesmo que repetida mil vezes. A paisagem monumental dos vinhedos e olivais ou os alcantis ciclópicos que, aqui e ali, comprimem as margens multiplicam-se na infinidade de olhares e sensações que despertam em cada recanto. Ao longo do dia ou no curso das estações, enchem-se de luz ou de sombras, de uma profusão de tonalidades de verde, em planos sobrepostos de névoa ou na intensa claridade mediterrânica. Uma paisagem assim envolve-nos os sentidos e a imaginação. Certamente, a região tem vindo a ganhar uma rede de estradas que a atravessam em várias direcções, mas só o comboio nos dá a liberdade total para essa viagem de comunhão com a terra. Correndo entre as fragas da encosta e o rio, o caminho-de-ferro desvenda a épica do lugar. Não é apenas o que os olhos vêm que nos surpreende. É a nossa própria meditação, embalada no rumor dos carris, que mistura sensações e memórias, busca a compreensão do que não se vê mas se imagina em cada trecho da paisagem.
Não é difícil perceber a dimensão titânica do trabalho humano que transformou as montanhas de xisto em patamares de vinhedos. Ou o que foi rasgar a penedia para construir o caminho por onde seguimos, na linha do Douro, aqui e ali suspenso sobre pontes de ferro, a desafiar desfiladeiros. Sem o caminho-de-ferro, o Douro não seria o que é hoje. Vale a pena recordar que, nas suas origens, há uns 150 anos, quando as elites políticas e financeiras da época começaram a pensar na sua construção, a linha-férrea do Douro era apresentada como a grande alavanca para o progresso desta região pobre, mas produtora de grandes riquezas. Afinal, tratava-se do «país vinhateiro», onde se produzia o celebrado vinho do Porto, o maior valor da exportação nacional. E, por outro lado, os velhos caminhos, que ligavam as povoações da região ou levavam ao Porto e a outras terras, eram intransitáveis ou difíceis de transitar. O transporte do vinho, neste «rio de mau navegar», de caudal e leito muito irregulares, cheio de poços, cachões e secos, fazia-se nos tradicionais rabelos. Todos os anos, eram mais de duas mil viagens, cada uma delas demorando vários dias de navegação perigosa. Por isso, o comboio constituiu, durante décadas, a grande esperança desta terra. Mas, como tantas vezes tem acontecido na concretização de projectos estruturantes do Douro, a construção foi sendo protelada e só aconteceu na segunda metade dos anos setenta, quando o Douro vinhateiro, ainda mal refeito da devastação do oídio, enfrentava a destruição ainda maior da praga da filoxera. Quando o comboio chegou à Régua, em 1879, e, no ano seguinte, ao Pinhão, já havia quem desse a região como completamente perdida. Em Dezembro de 1887, a viagem de comboio poderia fazer-se, finalmente, até Barca de Alva, ligando-se, por aí, a Salamanca e à Europa. Mas a chegada tardia do caminho-de-ferro, numa época em que o Douro mergulhava na extrema pobreza, não trouxe o progresso esperado. Nem podia trazer. Como escreveu, então, Oliveira Martins: «O caminho-de-ferro, lembremo-nos bem disto, é um instrumento de uma energia incomparável, mas é um instrumento apenas. Aplicado a um organismo são e capaz de o suportar, avigora-o; aplicado, porém, a um organismo depauperado, extenua-o». Não é, por isso, de estranhar que as estações se tenham enchido de emigrantes, fugindo da fome, com a esperança de refazer uma vida nova em terras brasileiras.
É difícil imaginar o que seria o Douro sem o caminho-de-ferro, nessa época de desolação, com grande parte das vinhas mortas pela filoxera e as populações na miséria. Mas do que não há dúvida é que ele teve um papel primordial no combate a essa crise maior da história do Douro, quando os durienses tiveram de plantar de novo todo o vinhedo regional e construir milhares de quilómetros de muros de socalcos. Foi o caminho-de-ferro que possibilitou o transporte rápido de videiras americanas, de adubos, de fitossanitários e de trabalhadores. Em dez anos apenas, entre 1893 e 1902, fizeram-se no Douro cerca de 20 mil hectares de plantações, metade da área actual de vinha de toda a região demarcada. E, não menos importante, o comboio permitiu um reordenamento e uma integração do espaço regional, bem como uma ligação mais rápida ao Porto. Antes dele, a região vinhateira pouco ultrapassava o Tua, excluindo, praticamente, todo o Douro Superior. Depois, alargou-se até à fronteira com Espanha. Esse novo mapa regional começa a surgir logo nos anos oitenta do século XIX, bem antes das novas demarcações de 1907 e 1908. Além disso, a linha do Douro tornou-se um instrumento modernizador essencial, diminuindo para algumas horas o que antes, nas velhas diligências, significava dias de distância. E, sobretudo, permitiu o desencravamento da região. Havia quem tomasse o comboio na Régua, no Pinhão ou no Tua, para ir a Bordéus ou a Paris. Nos anos noventa, Eça de Queirós deixou-nos, no seu livro «A Cidade e as Serras», o olhar de espanto do snob Jacinto, vindo de Paris, de comboio, perante a paisagem duriense, ao chegar à estação de Barca de Alva. E, por isso, poder-se-ia dizer que a história da actual região demarcada e a história do caminho-de-ferro do Douro se irmanaram nesse momento épico de refundação do «país vinhateiro».
Tal como a plantação de novas vinhas, também a epopeia da construção da rede ferroviária do Douro exigiu um trabalho ciclópico, obrigando a rasgar caminho entre as fragas das margens do rio. Muitos trabalhadores morreram não só pela dureza do trabalho, em lugares inóspitos, como pela inclemência do clima. Os eucaliptos centenares junto às estações do Douro não estão lá por acaso. Muitos deles foram plantados nessa época, acreditando-se que afugentavam a mosquitada que transmitia as febres palustres. Houve um ano, quando o comboio chegou ao Pocinho, que os trabalhadores debandaram, após a morte de uns quantos atacados por sezões. E a construção de outras linhas secundárias, como as do Corgo, do Tua ou do Sabor, teve esse mesmo carácter épico. No Tua, houve pontos em que a construção da linha obrigou a prodígios de engenharia e a malabarismos mortais. Algumas partes foram construídas em alcantis rochosos, com os trabalhadores suspensos por cordas.
Durante cerca de meio século, entre 1875 e 1925, a rede ferroviária do Douro, com as extensões a Trás-os-Montes, foi sendo construída penosamente. Sem contar com a linha do Tâmega, já a jusante da região, mas assumindo a mesma perspectiva de dotar o interior do país de uma razoável cobertura da rede ferroviária, a maior parte das linhas do Tua (1884-1906), do Corgo (1906-1921) e do Sabor (1911-1938), foi construída por esta altura. Depois, pouco se avançou. Além disso, previa-se, ainda, a articulação da linha do Douro com outras linhas a construir a Sul do Douro, Porém, essas novas linhas que deveriam completar a rede ferroviária do Douro nunca chegaram a concretizar-se. Desde 1911, na linha que estava projectada para ligar a Régua a Lamego e a Vila Franca das Naves, construiu-se a ponte granítica sobre o Douro, rasgou-se até Lamego a via para o assentamento das travessas e carris, que chegaram a estar acumulados no cais da estação da Régua, mas não mais do que isso. Em meados dos anos trinta, na altura em que decorriam estudos para o lançamento de novas linhas, como a que deveria ligar Foz-Tua a Viseu, o salazarismo veio travar todos os investimentos, concluindo-se apenas os últimos troços da linha do Sabor até Duas Igrejas (1938). Seguiu-se uma longa fase de abandono e de tardia e escassa modernização da rede existente. Para Salazar, o país rural deveria permanecer pobre, alegre e conformado com a sua sorte, como o Douro das vindimadeiras sorridentes das fotografias da Casa Alvão.
Ainda nos anos cinquenta e sessenta, quando os Planos de Fomento proclamavam uma nova era de progresso e lançavam no Douro grandes empreendimentos para alargar a energia eléctrica a todo o país, a região continuava esquecida. Produtor de uma boa parte da energia hidroeléctrica nacional, nas sucessivas barragens que se construíram, primeiro no Douro Internacional e depois ao longo do curso português do rio, o Douro continuaria sem a electrificação da sua rede ferroviária até aos nossos dias.
Esperava-se que, após o 25 de Abril de 1974, o regime democrático e os sucessivos planos de desenvolvimento se traduzissem em projectos de efectivo combate às desigualdades territoriais do País. No entanto, relativamente à rede ferroviária do Douro, como sucedeu com muitos outros serviços públicos do interior, verificou-se a ausência de investimentos adequados à modernização das linhas e das composições. Desde os anos oitenta do século XX, a par da euforia do poder central na construção de auto-estradas e de grandes obras públicas concentradas no litoral, sucederia a amputação, sem sentido, da rede ferroviária do Douro. A pretexto da diminuição de utentes e de racionalização da gestão das linhas, procederam ao encerramento de estações e apeadeiros, em muitos casos seguido de destruições gratuitas desse património. Diminuíram as viagens e as composições. Alteraram horários, muitas vezes sem ter em conta as necessidades das populações. Desactivaram linhas, ou troços de linhas, no Douro, no Sabor, no Tua, no Corgo e no Tâmega, desestruturando, sucessivamente, a rede ferroviária regional.




Nesses tempos de triunfo do betão e do neo-liberalismo, os responsáveis pela política ferroviária nacional justificaram as suas decisões em relação às linhas do Douro como medidas de boa gestão de recursos públicos. Diziam que as linhas não eram rentáveis. Mas nunca se questionaram por que é que as linhas não eram rentáveis ou se tinham sido feitos os investimentos necessários para as modernizar e as tornar rentáveis. E muito menos se questionaram, como deviam, na lógica de um serviço público, se a supressão das linhas e troços de linhas não punha em causa os direitos das populações mais desfavorecidas que deveria servir. Nem sequer pensaram nos interesses estratégicos regionais, no seu sistema de relações, tanto intra-regional como inter-regional e internacional.
Foram muitas décadas de uma política de desinvestimento, de desleixo e de má gestão da rede ferroviária regional, com prejuízos evidentes para a economia duriense, para a qualidade de vida e de relação das populações durienses e que resultaram em perdas imensas de património, num maior encravamento da região, destruindo ligações estratégicas do Douro com espaços dinâmicos de Trás-os-Montes, como Chaves e Bragança, e a ligação internacional com a Espanha e com a Europa.
Hoje, porém, alertados para os problemas ambientais resultantes do excesso do uso da rodovia e perante a urgência de novas políticas energéticas, o transporte ferroviário ressurge como solução mais «verde» e amiga do ambiente. Muitos países já perceberam isso e têm apostado na manutenção e renovação da sua rede ferroviária. No caso do Douro, as características da região aconselham essa aposta, tanto mais que o crescimento do turismo suscita, em boa parte do ano, uma nova procura. Além disso, nesta região classificada como Património da Humanidade, pela excelência da sua «paisagem cultural, evolutiva e viva», o património ferroviário da região, ao mesmo tempo que conserva o seu valor de memória e de afirmação da identidade do território, faz parte desse conjunto insubstituível de elementos de atractividade e de recursos para o desenvolvimento de que o Douro não pode abdicar.






Gaspar Martins Pereira
(Professor catedrático da FLUP-Faculdade de Letras da Universidade do Porto/
Coordenador do CITCEM-Centro de Investigação «Cultura, Espaço e Memória»)

29 maio 2011

Caravana Visão em Foz Coa

A revista Visão fez 18 anos e está a percorrer o país de norte a sul numa autocaravana, falando com as pessoas e escrevendo reportagens.  No dia 16 de Maio esteve na Escola B/S Tenente Coronel Adão Carrapatoso, em Vila Nova de Foz Coa.

Já ouviste falar nas gravuras rupestres do Vale do Côa?!
Em 1994, os alunos daquela escola gritaram bem alto "As gravuras não sabem nadar", numa manifestação contra a barragem que deixaria submersas as gravuras e impossibilitaria o que hoje é uma realidade - visitá-las no terreno.

No dia em que visitámos o 7ºA, deixámos um desafio aos alunos: escreverem uma notícia sobre a nossa visita à Escola. Eles corresponderam e aqui está ela.

Caravana Visão por terras das Gravuras
A Caravana Visão proporciona uma tarde diferente aos alunos do 7º A da Escola B/S Tenente-Coronel Adão Carrapatoso.
Na segunda-feira 16 de Maio, a Caravana Visão visitou a nossa escola para nos mostrar como funciona a edição da revista Visão Júnior. A Joana e o José Carlos ensinaram-nos todos os passos necessários à elaboração de uma revista e as tarefas de quem trabalha numa redacção.
Depois, tivemos a oportunidade de visitar a caravana que anda de Norte a Sul de Portugal a recolher histórias, tal como nós fazemos com o nosso projecto "Arquivo de Memória do Vale do Côa". Gostamos imenso desta visita e esperamos que voltem em breve.
Os alunos do 7º A, Área de Projecto



Fonte: Visão Júnior, 26 de Maio de 2011

27 maio 2011

Os desastres anunciados do IP2 e do IC5


Se sair da A23 e depois da A25, para Celorico da Beira, em direcção a Vila Nova de Foz Côa e Bragança, e por ali acima, verá que são rasgados vales e montanhas. Os sítios mais impressionantes ficam feridos de morte. Na transição da Beira para o vale do Douro, o traçado destrói montes que pareciam invioláveis e, já pelo vale deslumbrante, são quintas, vinhedos, zonas agrícolas férteis que aparecem cortadas ao meio, tantas vezes em paralelo com a via já existente e, até, suficiente.

Um empreendimento turístico rural, na quinta do Chão de Ordem, ficará a algumas dezenas de metros do IP2. Até Vila Nova de Foz Côa, e depois, até ao Pocinho, e dali até à ponte sobre o rio Sabor, já se pode adivinhar a destruição de santuários paisagísticos que não merecem o mínimo respeito de quem procura os sítios mais fáceis e menos onerosos, do ponto de vista financeiro, para fazer obra e avançar.




No Vale da Vilariça, o desastre é demasiado óbvio. Zonas férteis são afectadas violentamente; há a confluência anunciada do IP2 com o IC5, que se adivinha destruidora das características essenciais deste vale principal, e há crateras que são abertas (para fornecer brita e outros materiais às obras) que irão ficar nas paisagens de diversos concelhos e freguesias como bombardeamentos pesados e ainda não avaliados no futuro turístico e ambiental da região.
Depois, há o IC5, que virá dos lados de Vila Real, do IP4, irá até à proximidade de Carrazeda de Ansiães e passará a sul e a nascente de Vila Flor. Neste concelho, atravessa quintas e vales importantes, corta vinhedos excelentes e terra com "benefício" de produção de vinho do Porto e, no vale que se abre para a Vilariça, ladeando a estrada para Roios, passará aí a 60 metros de outro empreendimento de turismo rural notável, recentemente erguido a pulso e inteligência, a dois quilómetros de Vila Flor.
Também o IP4, quando foi anunciado há dezenas de anos e lentamente realizado, foi propagandeado como factor de progresso decisivo para os distritos de Vila Real e Bragança e, afinal, o deserto humano, o abandono e o atraso reais instalaram-se e fortaleceram-se.

Os grandes projectos de IP, IC e auto-estradas deviam ser levados a cabo para servir e estimular a economia, a agricultura, o turismo e, sobretudo, a industrialização do interior. Mas nada disso está ligado e é coordenado. Há apenas o abuso, o lucro a todo o custo das empresas envolvidas, a imposição sinistra e avassaladora de mais deserto circulante e fugidio a acrescentar à imensa realidade de atraso e fuga para longe, sobretudo de quem é jovem e já percebeu que não há progresso real com propaganda, mentira e esvaziamento do que é essencial, num futuro já velho e previsível que nos cerca e asfixia.


Onde estão os ambientalistas, os lutadores pelos patrimónios natural, paisagístico e cultural? Que projectos de desenvolvimento da região servirão e propiciarão tanta destruição e atropelos da paisagem e da riqueza secular que estão em grave risco? Nada se sabe. Só se sabe é que campeia o "posso, quero e mando" das empresas envolvidas nos empreendimentos e que as autarquias locais estão caladas.

Nesta realidade violenta de "crises" e do mais que se verá, deveria haver algum decoro e vigilância efectiva por parte de quem aprova obras no papel e deixa "correr o marfim" que levará a nada e a coisa nenhuma, se assim continuar. Apenas o "chegar", "passar" e "partir" depressa das regiões depressivas não chega para justificar a brutal realidade que nos envolve e deprime mais ainda.

Fonte: MODESTO NAVARRO
DN, 08 de Nov. 2010
Imagens de José Costa e Adriano Ferreira

25 maio 2011

Clube UNESCO nasce em Foz Côa

A Comissão Nacional da UNESCO (CNU) e a Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa (Acôa) assinam, a 28 de Maio, o acordo que estabelece o «Clube Unesco Entre Gerações». Uma iniciativa que nasce na sequência da criação do projecto «Arquivo de Memória do Vale do Côa» e que visa recuperar quotidianos das populações da região.

Ana Clara; Fotos: Arquivo de Memória do Vale do Côa | terça-feira, 24 de Maio de 2011

O evento, que decorre no auditório do Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa passa, segundo a arqueóloga Alexandra Cerveira Lima, ligada ao projecto, por aprofundar as «relações entre gerações, contribuindo para a qualidade de vida dos mais idosos, conhecimento e formação dos mais novos, bem como aprofundar a ligação à comunidade local».
A também antiga directora do Parque Arqueológico do Vale do Côa refere que a ideia de criar o Clube Unesco surgiu na sequência de um contacto que o Parque Arqueológico do Vale do Côa estabeleceu com a Comissão Nacional da Unesco, muito antes da abertura do Museu do Côa e da criação da Acôa.

Recorda, por isso, que uma preocupação central do Parque Arqueológico era, desde finais de 2004, estabelecer plataformas de entendimento e cooperação com as entidades locais e regionais bem como pontes de contacto com as populações residentes.
«Foi este espírito de procurar aproximar as comunidades do seu património, de as tornar conscientes da sua valia patrimonial e científica, que me levou, na altura, enquanto directora do Parque Arqueológico, a contactar a Comissão Nacional da UNESCO, procurando informações, pistas e apoio para a possibilidade de criação de um Clube ou Centro UNESCO na região, por entender que poderia ser uma forma interessante de criar pontes para a comunidade e desenvolver acções conjuntas», explica Alexandra Lima.
Nos últimos anos, salienta a responsável, consolidou-se a ideia de cruzar este projecto com um outro, «que vinha fazendo a sua história também no âmbito do Parque Arqueológico: a criação de um centro de documentação da região do Vale do Côa, o que viria a designar-se Arquivo de Memória».

«De facto, o Parque Arqueológico, em colaboração com os 10
municípios da Associação de Municípios do Vale do Côa (AMVC) e com outras entidades, nomeadamente o Museu da Casa Grande de Freixo de Numão, tinham preparado a candidatura da criação de um centro de documentação do Vale do Côa ao Programa Foral, candidatura que não foi financiada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento regional do Norte (CDRN), embora esta tivesse mostrado abertura para financiar a componente que lhe competia»,

Não tendo sido financiada a criação deste centro de documentação, foi possível começar a articular este projecto com uma outra preocupação que então o Parque Arqueológico vinha desenvolvendo: «a incapacidade de chegar, com a sua acção, aos mais idosos».

«Se, nos últimos anos, a cooperação entre o Parque e as escolas da região, muito particularmente as escolas de Vila Nova de Foz Côa, era uma realidade, muito dificilmente com os meios humanos disponíveis seria possível uma actividade consistentemente mais próxima dos lares e centros de dia da região (embora se tivessem feito algumas esporádicas tentativas de aproximação)», realça.

A ideia, vinca Alexandra Lima, era articular jovens das escolas e idosos dos lares para, com a orientação de técnicos, constituírem o Arquivo de Memória, e que foi ganhando corpo.

Depois de reunidas as várias linhas de actuação, a Fundação Calouste Gulbenkian possibilitou então a candidatura ao programa inter-geracional, que visava apoiar projectos desta natureza.
«A Acôa, entretanto criada, mais vocacionada para a articulação com as comunidades residentes, candidatou o projecto ‘Arquivo de Memória’ e, em boa hora, viu o seu intento financiado. A Comissão Nacional da UNESCO, entretanto contactada, considerou que o projecto ‘Arquivo de Memória’ se revestia das condições e requisitos necessários para a constituição de um Clube UNESCO na região», explica.

Objectivo do Clube:Desta forma, o objectivo deste Clube que nasce a 28 de Maio, sábado, em Vila Nova de Foz Côa visa «aprofundar a componente científica e de investigação, procurando uma colaboração estreita e permanente com universidades, desenvolvendo assim a componente científica».


Visa também alargar geograficamente a sua actuação. «Para cumprir este desiderato, foi candidatado o alargamento do projecto ao PROVERE do Côa, através da Associação de Municípios do Vale do Côa, que deu à iniciativa todo o apoio, e da Associação Territórios do Côa, que o integrou na candidatura. Pretende-se que este projecto-piloto possa alastrar a outras freguesias do concelho de Vila Nova de Foz Côa e a outros concelhos do Vale do Côa, desde logo os outros três concelhos do Parque Arqueológico: Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel», acrescenta Alexandra Lima.


O projecto viveu até agora do financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, que contribuiu com 30 mil euros e que permitiram adquirir material, manter a equipa ao longo de um ano e assegurar diversas colaborações técnicas.

O valor previsto na candidatura ao Provere é de 100 mil euros (ascendendo o financiamento comunitário, se ocorrer, a 70% deste valor).

Para além da Acôa integram este Clube Unesco, entidades como a Arte e Cultura no Douro e Côa, a Junta de Castela e Leão, a Associação Transumância e Natureza e Associação de Municípios do Vale do Côa.

24 maio 2011

Vila Nova de Foz Côa - Poema



Vila nova de Foz Côa,
Terra linda hospitaleira,
Tu tens um Museu que ecoa,
É tua nova bandeira!


Tens tudo quanto precisas,
Para quem te vem visitar,
Sabes fazer as conquistas,
E no altar as consagrar.


Com tuas amendoeiras,
Teus frondosos olivais,
Das tuas terras brotadas,
Onde há soberbos vinhais.


Foi o Paleolítico, no fundo,
Que mais te tornou famosa,
Ao mostrar a todo mundo,
Que foste sempre formosa! 




Poema: Jorge Vicente (Fribourg - Suiça)

23 maio 2011

ASSINATURA DO PROTOCOLO DE CRIAÇÃO DO CLUBE UNESCO




***********
Museu do Côa, 28 de Maio de 2011
PROGRAMA PROVISÓRIO

10h00 – 10h15 Abertura

António Martinho Baptista, Director do Museu do Côa
Eng. Gustavo Duarte, Presidente da Associação de Municípios do Vale do Côa
José Manuel Ribeiro, Associação ACÔA
Fernando Andresen Guimarães, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO

10h15 – 10h30 A Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial

Fernando Andresen Guimarães, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO

10h30 – 10h45 Título a definir

Representante da Fundação Calouste Gulbenkian

10h45 – 11h00 O Património Imaterial em Fafe

Pompeu Martins, Centro UNESCO “Memória e Identidade”

11h00 – 11h15 Aspectos imateriais no Património Mundial

Representante do Sítio de Siega Verde, Espanha

11h15 – 11h25 Pausa para café


11h25 – 11h50 Apresentação do Projecto “Arquivo de Memória do Vale do Côa

Equipa responsável e parceiros do projecto

11h50 – 12h00 Assinatura do Protocolo de criação do Clube UNESCO Entre Gerações


12h00 - 13.00 Apresentação e visionamento do documentário “Sinfonia Imaterial”do realizador Tiago Pereira, promovido pelo INATEL

22 maio 2011

MANIFESTAÇÃO DE APOIO À REABERTURA DA LINHA POCINHO-BARCA D'ALVA NA PRAÇA HUMBERTO DELGADO (PORTO)

De entre as várias ideias e estratégias que têm surgido da parte dos Amigos do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, a Manifestação de Apoio à Reabertura da Linha do Pocinho a Barca d'Alva a levar a efeito na Praça Humberto Delgado foi a que colheu maior prioridade. Se por um lado este evento não carece de tanto trabalho logístico como aconteceu com o Passeio Pedonal, por outro aumenta a responsabilidade e o risco da sua execução. Desde logo porque o teatro das "operações" é no lugar mais carismático da cidade do Porto, mas também porque a "fasquia" está colocada mais alto.

Daí a necessidade de uma participação ainda mais responsável, mais coesa e mais empenhada. Além disso, a possibilidade de participação de um ou mais responsáveis políticos obriga a que este evento tenha de ser preparado e executado ao pormenor! Nada que não seja possível de concretizar, a avaliar pela excelente entrega e a espectacular camaradagem, que caracterizaram a execução do Passeio Pedonal.

Não perdendo de vista o grande objectivo da nossa acção - A REABERTURA DE LINHA POCINHO-BARCA D'ALVA - há que considerar que, com a Viagem na Linha do Douro e a Manifestação nos Aliados pretendemos:

  • Intensificar os laços de camaradagem e convívio entre todos os Amigos do Concelho de Vila Nova de Foz Côa

  • Reconhecer o valor económico e turístico da linha do Douro em TODA a sua extensão (Porto-Barca d'Alva)

  • Pressionar os responsáveis políticos nacionais e regionais para o cumprimento do acordo e do convénio já assinados

  • Sensibilizar a opinião pública e a comunicação social para a necessidade da reabertura do referido troço da linha do Douro e a vantagem económica, turística e cultural na reactivação da linha férrea internacional até ao coração de Castilla y Léon
Assim, tendo em conta os condicionalismos ainda existentes, é possível apresentar o seguinte Programa:

Brevemente todos os participantes serão informados sobre os

pormenores deste evento.




20 maio 2011

Comemorações do Feriado Municipal - 21 de Maio

Vila Nova de Foz Côa recebeu o seu primeiro foral de D. Dinis, que lho outorgou em 21 de Maio de 1299



18 maio 2011

Descubra os ENCANTOS de FOZ-CÔA

Não se passa em Foz Côa por acaso, é preciso querer para lá ir, e vale a Pena!




A Região

 A viagem, seja qual for o seu local de partida, é sempre bonita, acompanhada de verde, campos cultivados, e, nalguns locais, das águas do rio, onde o Côa se encontra com o Douro. Na confluência dos dois rios existe uma ponte de ferro (herdada da via férrea Pocinho - Barca d’Alva, hoje desativada) que se atribui a Eiffel ou a algum dos seus discípulos.
A paisagem de grande beleza é uma constante antes e durante o passeio, com vales aquém e além da cidade, quase sempre cultivados com alguns dos produtos mais típicos da região: a oliveira, a vinha e as amendoeiras.
Num dos vales ergue-se aquela que é uma das mais importantes mostras de arte ao ar livre do Mundo, que foi, por isso, considerada monumento nacional em 1997 e património da humanidade no ano seguinte. A arte rupestre do Côa proporciona uma viagem única ao passado, retratando a vida social, económica e espiritual do primeiro antepassado da humanidade.
Em torno de Foz Côa, são diversos os locais onde a arte de várias épocas pode ser apreciada com roteiros que incluem estes núcleos de arte rupestre: Penascosa (Castelo Melhor), Canada do Inferno (Vila Nova de Foz Côa), Ribeira de Piscos (Muxagata), Fariseu (Muxagata) e No Rasto dos Caçadores Paleolíticos (Algodres e Almendra).


É nesta  pequena e pacata cidade que se esconde um dos tesouros mais bem guardados do país, que sobreviveram ao tempo, à mão humana, à barragem, ao esquecimento.

Um local único no mundo, com arte de várias épocas gravada nas pedras, que se pode apreciar ao ar livre, ou, para quem quiser saber e compreender mais, com explicações precisas no recente Museu.

Um rio que corre através de paisagens rudes e semisselvagens, pontuadas de vinha, oliveiras e amendoeiras.
Uma vila calma onde é possível relaxar e apreciar a boa mesa, sempre presente, com destaque para os produtos ligados ao azeite, à amêndoa e ao vinho, entre muitas outras iguarias.




Antes de partir para o terreno, aconselha-se uma visita ao recém-inaugurado Museu do Côa, perfeitamente enquadrado na paisagem entre os rios Douro e Côa, onde se pode compreender melhor a arte dos nossos antepassados, cujas obras estão gravadas nas pedras do Parque Arqueológico do Vale do Côa há dezenas de milhares de anos.
O betão, numa cor que se funde com as rochas existentes naquela paisagem agreste do Douro Superior, esconde na sua estrutura densa, que lembra uma gruta, os segredos bem guardados da arte do Paleolítico e outras épocas. Aqui se descobre e compreende, recorrendo a amostras, réplicas e novas tecnologias, o valioso património que se estende por esta região e que constitui o mais importante conjunto de gravuras rupestres paleolíticas ao ar livre do mundo.
O Museu promove visitas guiadas, que se aconselham, para que se fique a conhecer melhor os nossos  artistas antepassados que habitaram este local e das obras que criaram ao longo dos séculos.


                                     O Museu ao ar Livre



O Parque Arqueológico, que se estende ao longo de cerca de 20 mil hectares, constitui-se como um Museu ao ar livre. É considerado o ajuntamento de arte ao ar livre deste período mais importante do mundo, onde estão identificados 50 núcleos de arte, ao longo dos últimos 17 quilómetros do Rio Côa, até se encontrar com o Douro.
Embora a maioria das gravuras presentes remonte ao Paleolítico superior, há também vestígios dos períodos Neolítico e Calcolítico, da Idade do Ferro e dos séculos seguintes, até ao século XX. Homens e mulheres deixaram a sua marca nas rochas, desde há cerca de 25.000 anos atrás até à atualidade.



Visitas Noturnas


Outra visita que se impõe, e que o Museu promove para grupos, é a visita noturna às gravuras. O caminho sinuoso faz-se em jipes do IGESPAR que levam os visitantes pela escuridão adentro até aos locais onde a arte das gravuras pode ser apreciada sob a melhor luz possível. Dizem os guias - com a experiência de quem realiza estas visitas noturnas há sete anos - que é nas noites de lua cheia que melhor se percebem a maioria dos desenhos, cujos traços ficam impercetíveis com a 'demasiada' claridade' da luz do dia. São estes guias de olho treinado que conduzem os visitantes pelos traços que os nossos antepassados deixaram esculpidos nas pedras até hoje. Quando não há luz da lua, a iluminação faz-se através de lanternas. Não perca, por isso, esta experiência e oportunidade únicas, de conhecer à meia-luz algumas das gravuras mais marcantes deste património inigualável. Estas visitas estão disponíveis mediante reserva.





O Douro Selvagem


Um dos momentos imperdíveis nesta visita é um passeio de barco pelo Rio Douro. Sugerimos o que parte do cais fluvial do Pocinho e se prolonga até Barca d'Alva, a bordo do "Senhora da Veiga", um barco propriedade da Câmara Municipal de Foz Côa que percorre este belíssimo cenário do Douro Superior que fica, normalmente, fora dos circuitos turísticos habituais.










Neste percurso é possível observar outro tesouro: o da paisagem desta região que se ergue ao longo das margens do Douro numa nuance mais selvagem e até rude, com as suas escarpas esculpidas por vinhas, oliveiras e amendoeiras. Ou não fosse Vila Nova de Foz Côa também conhecida como capital da amendoeira em flor.


Fonte: Ana Fonseca

A importância do burro no mundo rural

Estes animais (burros, asnos, asinos, gericos, gementos), estiveram sempre ligados aos trabalhos domésticos, no que diz respeito à agricultura e ao transporte de mercadorias. As mercadorias, eram transportadas nos alforges (tecido, ordinariamente de linho grosso ou de "raixão", manta de farrapos), que lhes eram colocados, por cima da albarda, como se pode ver nas imagens, capatadas na aldeia do Peredo dos Castelhanos, no concelho de Torre de Moncorvo.
Estes animais foram um pouco por todo o mundo tradicionalmente utilizados na agricultura e apesar de estarem em vias de extinção, ainda hoje continuam a dar resposta ao cultivo da terra, e ao transporte de pessoas e mercadorias.

Fotografias: burro com alforges, na aldeia do Peredo dos Castelhanos - concelho de Torre de Moncorvo

16 maio 2011

14 maio 2011

O Património do Côa, a sua visibilidade e a sua história

As gravuras rupestres do Côa despertaram desde a sua descoberta um enorme interesse por parte dos meios de informação escrita e falada e, muito especialmente, pelas cadeias de televisão nacionais e estrangeiras. Quando em 1994 foram descobertas e anunciadas e no ano seguinte se lutou para que fossem preservadas contra a ameaça da construção da barragem do Côa, não estava apenas em causa a polémica sobre a sua suspensão, mas sobretudo o seu incomparável valor patrimonial.

O ano de 1995 foi decisivo para o reconhecimento internacional e para a defesa do património do Vale do Côa. Nesse ano, a escola secundária de Vila Nova de Foz Côa transformou-se no centro de apoio à luta pela defesa e preservação das gravuras e na plataforma logística por onde passaram inúmeros jornalistas portugueses e estrangeiros, muitos arqueólogos, muita gente com mais ou menos peso político, com destaque para os principais responsáveis pelos partidos políticos. Mas foram sobretudo os jornais diários portugueses e os canais televisivos, designadamente a SIC, que mais se interessaram pelo caso do Côa. Todos eles mantiveram durante meses crónicas semanais e a SIC chegou mesmo a montar “arraiais” na escola e a transmitir em directo durante mais de uma semana. Outros canais estrangeiros, como a BBC ou o canal 2 da Coreia do Sul fizeram também várias reportagens sobre o mesmo assunto.

As reportagens escritas, faladas ou televisionadas sucederam-se a um ritmo exponencial e os telejornais, invariavelmente, abriam com as notícias do Côa. Aliás este fenómeno mediático, por si mesmo, iria servir de estudo no ramo das ciências sociais e humanas.

Por outro lado multiplicaram-se as teses de mestrado e de doutoramento sobre o fenómeno sociológico do Côa, tendo vindo a público um excelente volume da responsabilidade do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e das Empresas (ISCTE, Lisboa), sob a orientação da professora doutora Maria E. Gonçalves, com a colaboração de vários docentes deste estabelecimento de ensino superior (O Caso de Foz Côa: Um Laboratório de Análise Sociopolítica, Maria Eduarda Gonçalves (org.), Lisboa, Edições 70, 2001).

Hoje o estudo das gravuras rupestres de Foz Côa faz parte integrante e indispensável de qualquer manual da disciplina de História e tem sido motivo de investigação e estudo em todos os cursos superiores de História da Arte e de Arqueologia, portugueses ou estrangeiros.

A análise política ou sociológica ou a investigação arqueológica continuam a ser as bases fundamentais de estudo, do qual resultaram inúmeros trabalhos de investigação; mas é sobretudo aos responsáveis pelo Parque Arqueológico do Vale do Côa que se deve a maior e mais especializada investigação publicada sobre o assunto. Uma simples consulta ao site oficial do IGESPAR/PAVC (www.arte-coa.pt/) permite-nos contabilizar mais de meio milhar de referências bibliográficas entre, artigos, dissertações, conferências e publicações que provam à saciedade a importância do património do Côa.

Mas são também os canais televisivos e as empresas de cinema e audiovisual que continuam a emprestar ao Côa a sua visibilidade, através de filmes e documentários de pequena e média metragem, entre os quais se deve salientar os seguintes:

“Documentário As Gravuras do Côa, Canal 2, RTP”

Côa, La Rivière aux Mille Gravures, realizado por Jean-Luc Bouvret, Maud Compocasso, 2001, duração:52m”

O Vale Sagrado, realizado por Hélio Araújo, Produção de COMSOM, 1995, duração: 60m”

Côa, La Rivière aux Mille Gravures, 2ª Parte, do mesmo realizador, já rodado e estrear brevemente.”

“Filme/Documentário do Canal 1 japonês NHK, coordenação de Chimoto Yoshio, já rodado e a estrear dentro de meio ano”.

A Arte Rupestre do Vale do Côa, realizado por Carlos Correia, Produção da Universidade Nova de Lisboa, CITI e IGESPAR, duração 30m”

“As Gravuras e Não Só, Horizontes da Memória, José Hermano Saraiva, Realização Videofono, 2000, duração: 30m”

“Foz Côa, Um Concelho Dois Patrimónios, Canal História, Realizado por José Carlos Santos, 2010, duração 65m”


A importância política, sociológica e cultural da descoberta e da luta pela preservação das gravuras do Vale do Côa contribuiu para melhorar a percepção que os portugueses têm hoje sobre o valor do património cultural e a sua capacidade em gerar desenvolvimento económico. Não foi por puro acaso que a Cultura foi elevada à categoria de Ministério pela primeira vez na história política do nosso país, precisamente em 1995, aquando do primeiro governo do engenheiro António Guterres e não é sem sentido que a História da Arqueologia Portuguesa considera simbolicamente que as siglas A.C. e D.C. poderiam, caricaturalmente significar “antes do Côa” e “depois do Côa”.

Ainda está por escrever a “verdadeira” história do Côa ao nível da luta política e da sua componente sociológica. Certamente que só o tempo permitirá uma análise mais racional e científica sobre este assunto. O certo é que a “A Batalha do Côa” faz parte integrante da história recente e é indissociável de um estudo global. Hoje o Parque Arqueológico e o Museu do Côa materializam as vontades que se conectaram em prol deste projecto e nada melhor do que o Museu do Côa para arquivar as suas próprias memórias, levando o seu próprio testemunho às gentes vindouras, num processo social e político que, tanto pode ser considerado como um ponto de chegada, provocado pela alteração mental da Revolução de Abril, ou como um ponto de partida para novas percepções sobre o valor inestimável do nosso património colectivo.

Por uma ou por ambas as razões, o Museu do Côa deve preservar a história do Côa, como elemento essencial da sua própria gestação, facto que, incompreensivelmente, ainda não foi entendido pelos responsáveis políticos da tutela

Para ti, ó vale sagrado

Na minha terra há um vale
Que me dá tranquilidade
Nele cantam os passarinhos
Em plena liberdade.

E quando ao romper da aurora
Eu oiço a sinfonia
O cantar dos passarinhos
Traz aí um novo dia

Canta o melro, a cotovia
E também o rouxinol
Que lindo trio eu oiço
Logo ao nascer do sol

Nas escarpas da pedreira
O milhafre predador
Faz o ninho em altitude
Mas fá-lo com muito amor

E lá no fundo do vale
Corre o Côa tão sereno
Humilde, são, natural
Sendo grande tão pequeno

Corre este rio sereno
Mas de vez em quando chora
Sem dizer nada a ninguém
Sai do leito, margem fora.

Eu vi o rio chorar
Como é que pode ser?
De raiva, espuma fazia
Para alguém se aperceber

Essas tuas heresias
meu rio belo e perfeito
mostram descontentamento
daquilo que está mal feito

E este vale que é sagrado
e gravado em pedra está,
Património da UNESCO,
outro no mundo não há.


Maria Odete Branquinho

10 maio 2011

A REGIÃO DEMARCADA DO DOURO - DOURO VINHATEIRO


A Região Demarcada do Douro, compreende uma vasta região que vai desde a Régua até Barca D´Alva e onde se produzem OS MELHORES VINHOS DO MUNDO.
Esta região está dividida em três importantes zonas: o Baixo Corgo; o Alto Corgo e o Douro Superior.
É nesta região do interior do país, que se colhem as castas necessárias para a produção do tão conhecido e apreciado “Vinho Fino”, também designado por “Vinho Generoso”, comercialmente conhecido por Vinho do Porto, devido à composição dos seus terrenos xistosos mas também, ao seu “microclima”, dois elementos essenciais para a produção do néctar tão apreciado mundialmente, podendo dizer-se sem escandalizar ninguém, ser este o maior e melhor embaixador, que Portugal tem no estrangeiro.
A UNESCO considerou (catalogou) esta região, como Património da Humanidade, designando-a por DOURO VINHATEIRO, excluindo porém, a região demarcada do Douro entre o Pocinho e Barca d´Álva. Tudo leva a crer que esta opção terá sido ocasionada pelo facto de não existir presentemente, uma ligação ferroviária nesta parcela de vinte quilómetros, também ela inserida no Douro Superior, mas desconsiderada pela UNESCO e excluída da denominação de “Património da Humanidade”.
É de referir que o Douro Superior, é, na opinião de muitos peritos, a melhor das três zonas já mencionadas, na produção de uvas com altíssimos teores de açúcar. As uvas aqui colhidas garantem a elevada qualidade de vinhos, com um paladar e aroma excepcional. Não é por acaso que surgem nesta região, vinhos de mesa como o “BARCA VELHA” e o “ DUAS QUINTAS”, vinhos considerados pelos especialistas como sendo os melhores dos melhores. No que diz respeito aos vinhos generosos, os custos de produção são menores, já que dispensam a adição de grandes quantidades de aguardente vínica.
Perante esta situação, há que chamar a quem de direito, para a resolução deste problema que afecta uma vasta área da região do Douro Superior, e relembrar que a reactivação da linha de caminho de ferro entre o Pocinho e Barca D"Alva, é urgente e fundamental para o total reconhecimento desta zona.

Por: José Constanço

09 maio 2011

EXPOSIÇÕES – MAIO

Trabalhos do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Campos Henriques

Durante o Mês de Maio




Sinopse
À semelhança de anos anteriores, vai estar patente a partir do dia 24 de Maio, uma exposição de trabalhos realizados, ao longo deste ano lectivo, por alunos do Pré-escolar e 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Campos Henriques. A exposição terá lugar numa das salas do Centro Cultural Municipal.

Autor: Alunos do Pré-escolar e 1º Ciclo do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Campos Henriques
Local: Sala de Exposições
Organização: Fozcôactiva, E.E.M

Exposição de Fotografia

A Partir de 21 de Maio




Sinopse
Esta exposição de fotografia tem como objectivo apresentar os trabalhos dos concorrentes ao “I Concurso de fotografia das Amendoeiras em Flor e dos Patrimónios Mundiais”. A Exposição será inaugurada no dia 21 de Maio de 2011 pelas 15 horas e 30 minutos na Sala de Exposições Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa. A deliberação do Júri, bem como a respectiva cerimónia de entrega de prémios terão lugar na Sala de Exposições Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, no dia 22 de Maio de 2011, pelas 17:00 horas.

Autor: Fozcôactiva, E.E.M
Local: Sala de Exposições
Organização: Fozcôactiva, E.E.M

Memórias Vivas da Imprensa

Maio e Junho




Sinopse
No dia 3 de Maio comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assim sendo, a Biblioteca Municipal de Foz Côa propõe um breve percurso histórico pelos equipamentos e peças que constituem, verdadeiras memórias vivas da imprensa

Autor: Fozcôactiva, E.E.M
Local: Biblioteca Municipal de Vila Nova de Foz Côa
Organização: Fozcôactiva, E.E.M

O Livro Antigo Tesouros do Concelho

Durante o Mês de Maio




Sinopse
Tendo em conta o relevante interesse patrimonial, histórico e cultural que representa para a reconstrução de um período histórico marcante nacional e local, vimos mais uma vez presentear a comunidade fozcoense com mais uma amostra do nosso Arquivo do Livro Antigo, a fim de darmos a conhecer o espólio existente. O conjunto é composto por documentação que remonta nalguns casos ao século XVIII, embora o grosso date do século XIX e princípios do século XX, tornando-os exemplares raros e únicos

Autor: Fozcôactiva, E.E.M
Local: Biblioteca Municipal de Vila Nova de Foz Côa
Organização: Fozcôactiva, E.E.M

Fonte: Fozcoactiva

08 maio 2011

DOURO NÃO É LINDO, PÁ?..E VIAJAR DE COMBOIO, NÃO É MAIS LINDO PÁ! .O POVO PÁ E OS FOZ CÔA FRIENDES, QUEREM A LINHA DE VOLTA DO POCINHO A BARCA D.ÁLVA

POSTAGEM NÃO CONCLUÍDA - VAI LEVAR NOVA FORMATAÇÃO E MAIS ALGUMAS IMAGENS

AVISAM-SE OS PARTICIPANTES DO PASSEIO POCINHO BARCA D'ALVA QUE VAI SER ABERTA NOVA POSTAGEM, COM CENTENAS DE IMAGENS, EDITADAS EM VÍDEO - ONDE ESTARÃO TODOS - 

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JORNADA IRREVERENTE E DIVERTIDA - POIS O HUMOR É A FORMA MAIS INTELIGENTE PARA DIZER COISAS SÉRIAS - POR ISSO, DIGNA DE SER ATÉ SAUDADA JUNTO AOS SAGRADOS TEMPLOS DO SOL NOS TAMBORES - QUE NÃO ESTÃO ASSIM TÃO LONGE DO MAGNÍFICO CENÁRIO DO DOURO - SE CALHAR ATÉ FOI ATRAVÉS DE UMA BOA PARTE DAS SUAS MARGENS OU DO SEU LEITO QUE OS PRIMITIVOS POVOS, QUE OS CULTUARAM, ALI TERÃO CHEGADO.

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Embora inicialmente concebido para divulgar as actividades nos Templos do Sol. no Monte dos Tambores, concluí que o assunto se ajustava perfeitamente - pela proximidade e não apenas. Pois, como é sabido, cada vez mais o mundo se transforma numa gigantesca aldeia global - O tempo em que as imagens das televisões não invadiam, a tranquilidade ou a rotina dos lares, já lá vai... Hoje já ninguém fica indiferente ao que se passa, não apenas na casa do seu vizinho, na sua aldeia, no concelho, distrito, no seu país, como até nos pontos mais distantes da Terra - E os Templos do Sol (dos quais se divisam perfeitamente alguns dos montes que ladeiam o Douro), situando-se, os dois magníficos calendários solares pré-históricos, num local que é como que a ponte, que une a meseta ibérica ao douro maravilhosos e à terra transmontana, e, sendo também eles a herança vivia de costumes antigos às celebrações aos ciclos da Natureza, significa que (independente até de qualquer distância) ambos reflectem, não propriamente um espírito microcósmico mas macrocósmico - pois o sol, quando nasce e brilha, é para todos.

Assim sendo, este blogue tinha, obviamente, que apoiar e associar-se à extraordinária iniciativa levada a cabo pelos Fozcôa friendes - um grupo de cidadãos que rejeita remeter-se à cómoda situação dos meros egoísmos pessoais - Olha mais longe!... Pugna em defesa da comunidade - É o caso do louvável exemplo que decorreu no passado dia 23 de Abril - E cujo objectivo era chamar atenção para o estado degradante em que se encontra o património da CP, ali mesmo nas faldas do monte, sobranceiro a uma panorama ímpar do Douro, onde recentemente foi inaugurado o Museu do Côa - aquele que já é considerado o melhor museu da Europa, no género .

E a constatação de que via férrea, poderia agora estar a canalizar milhares de visitantes, vindos nomeadamente da vizinha Espanha, através do troço que separa o Pocinho de Barca D'Alva é francamente frustrante - Aquilo que agora poderia ser uma extraordinária mais valia, tendo-a quase à porta e não podendo desfrutar da sua utilização, é uma vergonha, um atentado à região. A linha tem estado para ali apodrecer, desde há mais de duas décadas, impedindo as gentes destas terras - de duas das regiões mais isoladas do resto do pais e que tem sido as mais esquecidas, - de poderem beneficiar de um dos mais importantes factores de desenvolvimento - as aceitabilidades pelos caminhos de ferro.

Porém, foram tantas e tais as impressões e também os sentimentos contraditórios, em tão surpreendente e agradável caminhada, que, por minha parte, acabei, de facto, por não saber como descrevê-los. Sim, veja-se, como um simples passeio pedonal, pode transformar-se num pacífico manifesto de prazer e de protesto e, ainda por cima, deixar tantas e tão variadas recordações.

E creio, que, até por todos quantos participaram e percorreram os oito quilómetros da linha desconjuntada e desbaratada, que separa o Pocinho à Estação da Foz do Côa. - Pois quem é que não susteve a marcha por uns instantes?... Ou chocado perante tanto desprezo e o desleixo que lhe deparava, a cada passo aos seus pés, ou para se deslumbrar ante a beleza das margens e do rio, com assomos e sorrisos de uma Primavera, que embora parece começar o dia timidamente, pouco a pouco, ia-se abrindo em luminosas clareiras de sol, como que dando as vindas aos intrépidos caminhantes - Ora detendo o olhar extasiado numa flor, ora para colher um espargo (sim, houve até quem levasse uma mão cheia deles) enfim, parar um pouco e aspirar aquelas aromas das ervas e arbustos, misto de um cheirinho húmido que vinha do rio, trocar dois dedos de diálogo com os companheiros que seguiam na fila ou lado a lado, ou, então, simplesmente, suster a passada para contemplar este ou aquele trecho de paisagem que o ia sucessivamente surpreendendo. Porém, de regresso a casa, agora o maior entrave, que se me afigurava - pelo menos no meu caso. era a dificuldade em separar as emoções e a diversidade de momentos e de impressões, captadas pela retina ou registadas pela máquina fotográfica - Fiz tantas fotografias - de tão extraordinários momentos e ângulos - que, de facto, me fora difícil fazer as escolhas. Sem quase me aperceber, fui deixando passar os dias como se, em cada dia, tivesse o sagrado dever de repetir aquela fantástica caminhada ao longo daquele espantoso cenário do Douro. - para lembrar às autoridades que, o abandono de coisas boas, também é crime.

O que é belo é para ser partilhado. E uma das maneiras agradáveis de partilhar a beleza daquele rio, é permitir que o comboio volte ali a circular - No fundo, foi aquilo que um grupo de cidadãos, ali foi transmitir a quem de direito. Sublinhe-se, com a presença de tantos espíritos jovens e generosos - Que, no regresso a casa, também terão pensado para os seus botões: - Não prometam!... Ponham as mãos à obra: reabilitem imediatamente aquela linha! -

ERAM MAIS DE DUZENTOS NA MESMA CAMINHADA, AO LONGO DE VELHOS CARRIS, QUE ATÉ PARECIAM FANTASMAS, EM GRITANTE CONTRASTE COM A MARAVILHOSA PAISAGEM - À chegada formaram um cordão ao longo da velha linha, de costas para a esventrada Estação do Côa, voltados para a aprazível albufeira do rio, ergueram os mãos, bateram palmas, repetiram o gesto, saudando a barca da Senhora da Veiga, que, aquela hora (meio-dia)navegava leito acima, envergando camisolas brancas -quais pombas e pombos brancos da paz) e, com a sigla estampada no peito da mensagem que pretendiam transmitir (REABERTURA DA LINHA - POCINHO BARCA D'ALVA - OBRIGATÓRIO TRÂNSITO PELA LINHA), foram depois recebidos a toque de caixa e de tambores pelos "É PÁ NA LUTA!"- uma malta de jovens do caneco!..Irreverentes pró caraças! Verdadeiramente endiabrados, vestindo-se a preceito, com fraques e sobre-casacas e enxalmos dos tempos da Maria da Fonte, erguendo cartazes, fazendo soar palavras de ordem, bem ensaiadas, bem trinadas, - arrancadas às vozes do povo que representavam - óculos escuros à época dos comboios a vapor, não fosse por ali aparecer algum vampiro ou dos fantasmas que ameaçam apoderar-se dos escombros, já meio assombrados, da tão saudosa estação - a qual - mesmo completamente, desassoalhada e escaqueirada no seu interior, parece apostada em manter as paredes firmes - como símbolo heróico de protesto e de resistência - à estupidez, à incúria e à inércia de governantes negligentes e irresponsáveis
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Unidos por um objectivo comum: que o troço de caminho de ferro, entre o Pocinho e Barca D’Alva, seja reactivado - Uns, vindos de Foz Côa, das freguesias, outros de mais longe, do Porto, de Coimbra, de Lisboa, Faro, de vários pontos de Portugal.
Comunicaram-se através do Blogue Foz-Côa Friends e, sob a batuta de João Pala, José Lebreiro e José Ribeiro, José Constanço e Carmen Guerra, decidiram fazer uma caminhada, desde o Pocinho, à velha estação da Foz do Côa - E não foram só protestar - também confraternizar, desfrutar de uma bela manhã primaveril, almoçar à sombra de frondosas amoreiras, botar discursos e formar uma sólida associação. Para assim terem uma voz mais forte e lembrarem ao poder constituído, que querem voltar a ver os comboios a circular do Pocinho a Barca D'Alva - É seu desejo determinado que esse troço de 28 Km, que foi amputado, na década de oitenta, não continue naquele miserável estado de abandono, um insulto às consciências de quem ali passa e quem navega nas calmas águas do rio e escancara os olhos naquelas vias enferrujadas, negras e destroçadas, parafusos amontoados, postos e fios caídos, velhos edifícios - outrora acolhedores e postos de repouso e de abrigo - e que agora parecem ter sido acabados de bombardear na guerra do Iraque.
Todos consideram que a reactivação é fundamental para o desenvolvimento da economia da região. Sobretudo para o turismo e até mesmo para a circulação de mercadorias e de passageiros - E prometem voltar à luta se a linha não voltar a ter o percurso inicial.



O Douro vinhateiro, Património da Humanidade, com a sua beleza ímpar, a singularidade das suas encostas, repletas de surpresas, onde a rudeza e a formosura da sua paisagem, com os seus contrates e o seu lado humano e selvagem, se harmonizam numa imagem surpreendente! Única no mundo! - Sim, só por esta benesse da Mãe Natureza - embora, pelos homens, arrancada a ferros – justifica-se plenamente o investimento - - E então porque razão se espera ou perde mais tempo? - Quando a vida é tão curta e o tempo corre tão rápido e é tão precioso!
O abandono da linha é gritante! É um contraste escandaloso com a beleza natural das margens do rio e da tranquilidade idílica das suas águas. Manter-se a linha, tal como está, é o mesmo que, a uma extraordinária bailarina, lhe cortassem as pernas. Jamais poderia bailar! - O mesmo se passa com a ligação ferroviária do Douro Maravilhoso -Quem parte do Porto, não pode ir a Espanha. Só de automóvel ou de avião. Ou então terá que dar uma grande volta pela linha da Beira Alta.
Foi construída, há mais de um século, para os comboios circularem de Campanhã a Barca D’Alva - Entenderam as autoridades daquela época, que a sua construção era importante para o desenvolvimento da região do Alto Douro e Trás-os Montes – E, agora, não é?!... Vamos lá meter mãos à obra e arranjar depressa aqueles velhos carris, pôr a linha em ordem, porque, tal como está, quer os velhos edifícios das estações, como os carris, mais parecem escombros ou esqueletos de fantasmas, em que até as pobres aves se arrepiam e assustam, fogem espantadas! -História -Linha do Douro-





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Texto, fotografias e videos da autoria de Jorge Trabulo