Às sete e meia em ponto do dia treze de Agosto teve inicio, na Praça do Município, a Caminhada do “ Circuito das Capelas “. Agradou-nos a participação de vinte e oito corajosos caminhantes que àquela hora matinal se dispuseram a participar nesta acção. Muito agradecemos à Exma. Senhora Professora D. Helena Correia Cavalheiro, entre nós carinhosamente tratada por Leninha, em ter correspondido à nossa solicitação e nos dar o prazer da Sua companhia e saber.
Feitos os amistosos cumprimentos iniciámos a Caminhada tomando conhecimento que existia um painel do Senhor dos Aflitos, na rua de S. Sebastião, numa propriedade que foi do Sr. Assis. Este painel viria a ser destruído depois de ser construída a respectiva Capela embora noutro local. Ao chegar à Capela de S. Sebastião, foi referenciado que a actual Capela substituiu uma outra que existia em frente das actuais urgências e foi desfeita para alargar o recinto anexo ao campo de futebol. Tivemos depois a surpresa de saber que esta Capela deveria ter sido a Capela de Nossa Senhora dos Remédios; na mesma Capela estariam S. Sebastião e S. Lourenço. Sendo uma imagem de roca e consequentemente vestida, mais facilmente se deteriorou pelo que foi substituída, na redoma central, pela imagem de S. Sebastião, acrescida pela directriz do Senhor Bispo, que “aconselhou” que S. Sebastião fosse venerado em todas as paróquias da Diocese de Lamego por ser o seu patrono. Não a imagem actual mas uma outra que se encontra no paramenteiro, juntamente com a de S. Lourenço, e que viriam a ser substituídas. A imagem da Senhora dos Remédios foi encontrada pela Senhora D. Laura Beijoco por trás do Altar-Mor em avançado estado de degradação; feita a recuperação, pela Leninha, apresenta hoje excelente beleza saindo em todas as procissões e encontra-se a “residir” na Capela da Senhora do Amparo.
São Sebastião |
Prosseguimos em direcção ao Senhor dos Aflitos. Feitas algumas referências quer ao significado deste culto como à importância que a Capela tinha para a Juventude, considerado um ” lugar dos namorados”. A Leninha informou-nos que esta Capela era particular, de uma Família de Emigrantes Brasileiros, que depois a ofereceram à comunidade e benzida pelo Reverendo Senhor Cónego Marrana. Apreciada a excelente beleza da paisagem, foi registada uma foto de recordação do Grupo.
Senhor dos Aflitos |
O tempo passava e a caminhada continuou para Santo António; como a Capela estava aberta, entrámos e foi mais agradável a visibilidade das imagens que ainda se encontravam nos seus lugares pois que as de Santa Ana e de São Joaquim estão na Exposição de Arte Sacra que decorre no Centro Cultural. Feita a resenha da vida e morte de Santo António, cuja santificação continua a ser a mais rápida até hoje, menos de um ano após a morte, as informações foram aprofundadas pelo Doutor Rui Fonseca que, juntamente com a Leninha, muito enriqueceram as descrições.
Santo António |
Depois dirigimo-nos para a Capela de S. Miguel. Imagino a surpresa que a maioria terá, tal como tiveram os presentes pois hoje já não existe. Ficava no início da actual Avenida Gago Coutinho e Sacadura Cabral em frente ao término da Rua de S. Miguel. Era uma Capela Grande de alpendre e cuja imagem foi transferida para o altar do actual S. Miguel na Igreja Matriz enquanto que a que aí existia foi colocada no paramenteiro. O Sol já aquecia e as horas passavam pelo que tivemos as primeiras baixas de vulto.
Os resistentes continuaram a caminho de Nossa Senhora da Conceição; feita as referencias à substituição da imagem, à consagração de Portugal a Nossa Senhora feita por D. João IV em Vila Viçosa e às doze estrelas que ornamentam a coroa iguais às doze estrelas de Nossa Senhora de Strasbourg e que inspirou a Europa a consagrar as doze estrelas na sua bandeira. A imagem anterior manteve-se na Capela e para não haver duas imagens com o mesmo nome, foi apelidada de Nossa Senhora das Candeias que teve culto muito querido pelo povo Fozcoense no início de Fevereiro. Por gentileza da zeladora pudemos visitar o interior com maior aproximação às imagens.
Nossa Senhora da Conceição |
Dirigimo-nos à Capela de S. Pedro, o Chefe dos Apóstolos. As referências Bíblicas foram magistralmente feitas pelo Doutor Rui Fonseca que muito nos maravilharam.
São Pedro |
“Dialogada” a vida de S. Pedro dirigimo-nos a Santa Bárbara. A encosta da Lameira exigiu esforço redobrado dos caminheiros que a venceram. A Capela foi saqueada e encontra-se sem imagens. Feita a referência à Santificação da patrona do local, foram alegremente relembrados os jogos e lazeres que aí se desenrolaram; foram alguns, muitos, anos que por momentos se apagaram. A paisagem é tão bela que só ela consegue amainar o tórrido calor que já se sente.
Santa Barbara |
Caminhemos para Nossa Senhora da Aldeia Nova. Antes visitámos um pouco do Castelo; o que foi referido fica para outra ocasião e do conhecimento dos que participaram. A Senhora estava na exposição. A D. Alzira gentilmente nos abriu a porta e, no interior, ouvimos e referenciamos quer sobre os residentes da Capela quer a importância desta na constituição da Vila. Daqui visitámos um pano das muralhas do Castelo que ainda não foram abertas ao público. Lá iremos, qualquer dia.
Nossa Senhora da Aldeia Nova |
No Castelo continuamos ao visitar Nossa Senhora do Castelo, agora pequenina já que a original desapareceu na passagem de proprietário do imóvel onde se encontra o nicho, não desaparecendo este porque está incrustado na parede como esteve no arco do castelo.
Faltava a Capela da Santa Quitéria. A Gebelina aprestou-se para nos abrir a porta mostrando-nos a beleza dos azulejos e das imagens que aí se encontram sendo de realçar a do Senhor dos Passos. Imagem belíssima mesmo do início do século XX. De Santa Quitéria, há muito, só resta o nome; esta Capela tem todas as características para que tivesse sido a Sinagoga do Povo Judeu. Não é por acaso que aos Fozcoenses é dado o nome de Judeus. Bom, por Hoje a Caminhada terminava às treze horas e trinta minutos. Até a nós nos pareceu demasiado “sumo” para tão pouco tempo.
Bem hajam os participantes.
José Maurício Lebreiro
2 comentários:
Gostaria de aqui deixar um agradecimento ao amigo José Maurício Lebreiro pela iniciativa que levou a cabo. O seu entusiasmo é contagiante e a sabedoria imensa. Abraço.
Após esta magnifica descrição do Zé Lebreiro e pelas belíssimas imagens que a ilustram, tornou-se-me mais fácil perceber o porquê dos tantos elogios a esta iniciativa e o entusiasmo evidenciado por mais eventos deste género, tanto da parte das pessoas que nela participaram, bem como de outras que rapidamente se arrependeram de o não ter feito.
A Associação do Amigos do Concelho “Foz Côa Friends” está de parabéns.
Um agradecimento muito especial ao Zé Lebreiro e a todos que participaram neste simples, mas muito enriquecedor convívio.
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