Duas exposições de fotografia são o ponto de partida de um
projeto de maior envergadura que o Museu de Lamego pretende levar a efeito nos
próximos anos. “Caminhos do Ferro e da Prata” e “Uma viagem no tempo”, patentes
desde o dia 12 de outubro, são assim a primeira expressão pública do projeto de
identificação e inventário de espólios fotográficos familiares do Douro,
“tesouros inestimáveis”, como lhes chamou o comissário da exposição, José
Pessoa, que nesta primeira iniciativa contou com a “memória” da família
Mascaranhas Gaivão.
Foram cerca de uma centena as pessoas que acederam ao
convite e marcaram presença na inauguração das duas exposições, onde está bem
patente o lado afetivo e familiar das imagens, próprio de quem há anos guarda a
lembrança de antepassados, mas também a memória das grandes construções, dos
costumes, das gentes, das embarcações, das alfaias, do traje, dos adereços, da
paisagem, que moldaram a sociedade ao longo dos tempos.
Aliás, como assinalou o diretor do Museu de Lamego, Luís
Sebastian, este é um projeto com um potencial enorme, já que, acrescentou José
Pessoa, permite “manter vivo o ADN de uma cultura” que, depois de identificado,
inventariado e estudado se transforma em património.
É exatamente uma visita a este património que o Museu de
Lamego propõe até abril de 2014, através de uma viagem pela Linha do Douro e
Minho e pela história de 100 anos de retrato fotográfico.
Caminhos do Ferro e da Prata” é, antes de mais, uma
exposição que reflete a inegável importância histórica da construção da
via-férrea do Douro e Minho, mas também um tributo a todos os trabalhadores
desta obra que, embora considerada épica, terminou sem vítimas.
Reunidas num álbum originalmente concebido para a
apresentação pública da obra, as imagens foram-se conservando na família
Mascarenhas Gaivão, passando de geração em geração, herdado do bisavô,
Francisco Perfeito de Magalhães Meneses Vilas-Boas, engenheiro dos
caminhos-de-ferro à data das imagens, 1887.
De elevada qualidade técnica e artística, as 65 imagens de
finais do séc. XIX em exposição são, na sua grande maioria, em fototipia,
assinadas por Emilio Biel, Antiga Casa Fritz. As fotografias terão sido produzidas
no inverno de 1887, ano de conclusão da Linha do Douro, altura em que terá tido
lugar uma viagem, onde o fotógrafo solicitaria a paragem da locomotiva, sempre
que pretendesse registar uma imagem.
Algumas das imagens refletem precisamente esse lado da
encenação, em que conhecidos e desconhecidos foram advertidos de que não se
poderiam mover durante um determinado espaço de tempo.
Este tempo de pose seria também determinante para a execução
de retratos, que o Museu de Lamego apresenta na segunda exposição “Uma viagem
no tempo, do outro lado do espelho – 100 anos de retrato fotográfico – 1847
-1947”, numa mostra que reúne cerca de 200 fotógrafos e casas fotográficas,
entre os quais Carlos Relvas, Camacho, Henrique Nunes, M. Fritz, Bobone,
Fonseca, Emilio Biel, Nadar, Disderi, J. Laurent, Reutlinger, e onde é possível
viajar através dos tempos e de sucessivas gerações da família Mascarenhas
Gaivão.
Na cerimónia de inauguração das duas mostras estiveram
presentes o Diretor do Museu de Lamego, Luís Sebastian, o comissário da
exposição e fotógrafo do Museu de Lamego, José Pessoa, a vereadora da Cultura
da Câmara Municipal de Lamego, Marina Vale, Manuel Mascarenhas Gaivão, em
representação da família, e Francisco Parente, pela “Ótica Parente”,
patrocinadora do evento.
Constituindo-se como a primeira fase de recolha da memória
fotográfica do Douro, este é um projeto de continuidade. As exposições trazidas
agora a público ficarão patentes até 30 de abril de 2014. A entrada é livre.
Fonte: Museu de Lamego
0 comentários:
Enviar um comentário