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07 abril 2011

As nossas Azedas e os nossos Muros


Em Foz Côa sempre houve o hábito de comer azedas. Na nossa região, nascem naturalmente sem qualquer intervenção humana, por norma junto aos muros xistosos e onde haja alguma réstia de humidade.
Ainda hoje, são muitos os que apanham azedas para saladas e confecção de sopas.
Actualmente, há que ter algum cuidado e verificar bem o sítio onde se colhem pois, os herbicidas, infelizmente cada vez mais usados, envenenam também as azedeiras.

Para nós fozcoenses, continuam a ser um petisco! Seria impensável um fozcoense não conhecer esta planta.

Se continuassem (espero que tenha sido definitivamente banido este  autêntico roubo do nosso património) a vender para Espanha as pedras dos nossos muros, com certeza que perderíamos, além dos lindíssimos muros, também as nossas apetitosas azedas.

Lembrei-me deste assunto, porque ontem fui presenteado por um grande amigo das Chãs, com uma boa “sacada” de azedas e de agriões. Ao jantar já foram algumas, estavam óptimas.

Apressem-se a colhe-las, estão a começar a espigar.


                        Fotografias  captadas por Adriano Ferreira junto a Santo Amaro.

Informação Científica:

"Composição - As Azedas contêm aproximadamente 1 % de ácido oxálico, assim como oxalato de potássio, gordura, muita vitamina C, ácido salícico, cálcio, ferro, manganês, ácido crisofânico, fitosterol e óleo essencial.
 As Azedas pertencem à família das Poligonáceas (Rumex acetosa). Devem colher-se as folhas novas antes da floração, uma a uma. Quanto mais frequentemente se fizer esta apanha, tanto mais forte será a nova folhagem da planta. As folhas devem consumir-se frescas, quando secam perdem quase por completo, as suas propriedades vitamínicas.
As azedas crescem em qualquer terra de horta e nas paredes dos muros.
As azedas, quando cultivadas reproduzem-se por sementes. Consegue-se uma colheita mais rápida, mediante a divisão de rizomas velhos no Outono e na Primavera. Na Primavera, deve cavar-se o solo entre as fileiras, e deve mudar-se de terreno, de três em três anos.

Emprego como planta medicinal - O elevado teor de vitamina C faz desta planta, sobretudo fresca, um remédio para o escorbuto e demais manifestações de insuficiência de vitamina C, como as hemorragias e a tendência para as ter. Devido ao seu teor em emodina e ácido crisofânico, esta planta é também um excitante para a actividade do intestino grosso e, por conseguinte, para o tratamento da atonia intestinal com prisão de ventre. Como a planta forma combinações orgânicas de ferro, fomenta a formação do sangue, sobretudo na medula vermelha. É promissor o seu emprego nos casos de anemia.

Cuidados a ter - O consumo prolongado e frequente de azedas pode tornar-se prejudicial, sobretudo para os rins e para o coração.

Utilização - As azedas utilizam-se tanto em saladas como na confecção de sopas.

4 comentários:

Seria interessante, que alguém nos descrevesse aqui as receitas mais habituais da nossa região para a preparação das azedas.

COM BATATA COZIDAS "ESMAGADAS" COM GARFO,REGADAS COM O nosso Azeitinho.

Receita de Clotilde Laranjo Pascoal

“Depois de lavadas, temperá-las com azeite transmontano, vinagre balsâmico e flor de sal, juntar uns cubitos de queijo fresco da Quinta Branca e pronto, já está! Bon appétit.”

Uma das receitas mais fáceis e correntes de que me recordo é a das " Azedas molhadas"; consiste num regaço de azedas, uma malga onde se deitava agua até um pouco mais de meio, umas pedras de sal grosso e azeite. Mexia-se bem, pegava-se num faxuqueiro de azedas e molhavam-se na malga e comiam-se. Na outra mão um naco de pão cozido no forno de lenha, no meu caso, no Forno do Castelo na Rua do Acipreste. Algum tempo depois tinha que se deitar mais azeite porque se ía gastando ao ficar agarrado às azedas. As mulheres deliciavam-se com as suas arregaçadas de azedas, sentadas às portas na rua enquanto confraternizavam e comiam.
Sugiro que se reponha esta receita, se ainda houver azedas, no dia 23.

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