Autarquias alegam que o escoamento de
mercadorias pela futura linha de alta velocidade Aveiro-Salamanca será mais
cara. Pedem modernização da Linha do Douro, e até Barca de Alva
A argumentação dos durienses para verem modernizada a
via-férrea que serve a região é idêntica à dos minhotos com a Linha do Minho:
já que o TGV foi suspenso, que se aposte nas infra-estruturas que restam e
podem ser reforçadas. Neste caso, a ideia é electrificar e dotar de sinalização
electrónica a Linha do Douro, reabrindo o troço Pocinho-Barca de Alva, para encurtar
a viagem (via Salamanca) até Madrid e à Europa além-Pirenéus.
Um manifesto lançado pelos rotários da Régua e subscrito já
pelas câmaras de Lamego, Régua e Santa Marta de Penaguião defende que a Linha
do Douro pode ser rendibilizada através do tráfego de passageiros, sobretudo
turistas, e pelo de mercadorias, tendo em conta que, por esta linha, a distância
do porto de Leixões à fronteira é mais curta, em 110 quilómetros, do que pela
Beira Alta.
Contrariando as teses do Governo acerca das mercadorias em
linhas de alta velocidade, o manifesto sustenta que as composições de
mercadorias são eficientes a velocidades de 120 km/hora, o que “torna a Linha do
Douro numa alternativa muito mais económica do que o eixo Aveiro-Viseu Salamanca”
para o qual estava prevista uma linha de alta velocidade mista (passageiros e
mercadorias).
A diferença no investimento é significativa. Construir a
linha de alta velocidade de Aveiro à fronteira custa 2,3 mil milhões de euros,
mas para modernizar a Linha do Douro bastam 300 milhões. E o manifesto vai mais
longe: agora em sintonia com o ministro da Economia – que tem reiterado que são
necessárias linhas em bitola europeia, os autores dizem ser possível, numa
segunda fase, construir uma linha desse tipo entre Leixões e Mosteiró (numa
distância de 50 quilómetros), um “atalho” à Linha do Douro. Essa obra custaria
cerca de 250 milhões de euros. Tudo somado, o custo de 550 milhões, que pôr a
via com padrões de qualidade modernos exigiria, seria, ainda assim, muito
inferior aos 2,3 mil milhões implicados pelo TGV entre Aveiro e Salamanca.
Desenterrando uma rivalidade que data do final do séc. XIX
entre o porto de Leixões e os da Figueira da Foz e de Aveiro, o manifesto diz
que “o transporte de mercadorias do porto de Aveiro é fortemente subsidiado
pelo Estado, passando-se semanas em que não existem quaisquer circulações de
comboios de mercadorias para o mesmo”, enquanto o volume de mercadorias
movimentado pelo porto de Leixões “é incomparavelmente superior”. Logo,
conclui, a ligação ferroviária óbvia para a Europa é pelo vale do Douro.
O documento refere ainda a crescente procura turística no
Douro (que levou o Governo a não encerrar o troço Régua-Pocinho, ao contrário do
que chegou a estar previsto) e a “forte complementaridade” entre os cruzeiros
turísticos e o caminho-de-ferro. Um exemplo: no passado dia 15, sábado, havia
oito autocarros com mais de 400 turistas no cais de Barca de Alva, a deixar
passageiros nos navios de cruzeiro. Isto, ao lado da velha estação ferroviária
do troço encerrado, que poderia ser uma alternativa ao transporte rodoviário.
Na verdade, lembra o manifesto, a linha ferroviária e o
canal navegável do Douro “são as únicas vias de comunicação longitudinais da
região”, sendo impossível a construção de qualquer rodovia nesse eixo, devido
aos seus custos e ao impacto ambiental negativo. É por isso, concluem os
autores, que a soma do transporte de passageiros (locais e turistas) e do
tráfego de mercadorias justifica a aposta na modernização da Linha do Douro.
Governo desistiu de encerrar o troço Régua-Pocinho, atendendo ao potencial turístico da Linha do Douro
Manifesto sublinha que o movimento de mercadorias de Leixões
é “incomparavelmente superior” ao do porto de Aveiro
Fazer do Porto de Leixões uma referência para os sistemas
logísticos que utilizam a fachada atlântica da Península Ibérica
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Fonte: Público (23/11/2011)
Este manifesto evidencia o que para muitos já era claro, os
valores e as vantagens harmonizam-se com outros estudos já existentes, obviamente
que este manifesto contará com o apoio de muitas mais câmaras durienses além
das que, em defesa da nossa região e da economia nacional, corajosamente, já o
fizeram publicamente (câmaras de Lamego, Régua e Santa Marta de Penaguião).
João Pala
Manifesto pela modernização do troço Marco-Pocinho e pela reabertura do troço Pocinho-Barca D’Alva, da Linha do Douro
Moção de apoio à reabertura da linha de caminho-de-ferro entre as estações do Pocinho e Barca D’Alva
Noticias: (1) (2)
Moção de apoio à reabertura da linha de caminho-de-ferro entre as estações do Pocinho e Barca D’Alva
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1 comentários:
Citando o professor dr. Manuel Tão:
“A bitola Europeia pode esperar, pelo menos até ao dia em que Espanha deixe de a utilizar unica e exclusivamente em novos troços dedicados a passageiros. A migração 1668/1435mm nas redes convencionais há-de chegar, daqui a 20 ou 30 anos. E AS NECESSIDADES DE LOGÍSTICA DO GRANDE PORTO EM TERMOS FERROVIÁRIOS NÃO SE COMPADECEM DESSE HORIZONTE TEMPORAL.”
Digo eu:
Tratar este assunto com seriedade seria apostar de imediato na boa conservação, optimização, desenvolvimento e investimento nas infra-estruturas ferroviárias existentes, travando a sua evidenciada degradação e incrementar a falta de ligações transfronteiriças, designadamente com países vizinhos.
Não estará na hora de “emendar a mão” e começar imediatamente com as “démarces” necessárias para a reabertura do troço Pocinho – Barca d’Alva?
Claro que é.
Devolver à linha do Douro a sua característica internacional (transfronteiras), como sempre teve até ao dia trágico do encerramento deste troço (18/10/1988), não é uma opção é um dever.
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