A Nascente e a Foz cada vez mais próximas
Esta é uma daquelas notícias que nada diz
à comunicação social.
Não foi uma bomba que caiu; não foi um
acidente de viação em que morreram cinco pessoas; não foi um padre que vendeu
santos; nem foi um neto que bateu na avó. Nada disso. Para a grande imprensa,
este acontecimento será de todo irrelevante. Porque a amizade não dá notícia.
E porque de amizade se trata.
O que acontece pode ser tido como trivial,
mas é raro e maravilhoso. As gentes da foz e da nascente do Rio Côa decidiram
conhecer-se melhor e desenvolver entre si sentimentos de amizade, de
desenvolvimento e de paz. Tão simples quanto isso.
A culpa é do Côa, um rio que lhe deu para
seguir norte acima, por caminhos belos e agrestes, a caminho de outro, do mais
turbulento que desagua em Portugal.
O Côa dos paleolíticos e de outros povos,
que nasce na serra das Mesas, num prolongamento da Malcata, e vem abraçar-se ao
Douro, seguindo com este e outros em demanda das terras do sem fim. Um Rio que,
no seu percurso, visita e anima gentes de trabalho, pacífica e honrada, quase
sempre mal amada pelo poder.
Onde os quatro bispos fronteiriços se
entendiam, sentados cada um num extremo do seu território, nasce esse Rio
magnífico, que foi ribeira para as lavadeiras, paraíso para os pescadores,
desafio para os perseguidores das trutas, palco para contrabandistas, esperança
para moleiros, espelho para luas fugidias, tribulação para as edepês e grande
filão para a arqueologia.
Os da nascente, nos Fóios, desejaram
conhecer melhor os amigos do Côa que povoam a foz, enquanto, ao mesmo tempo, em
Foz Côa se almejava dar um abraço especial às gentes que vivem no sopé da Serra
das Mesas.
Com tais desejos se têm encontrado, nos
Fóios e em Foz Côa. Para além dos autarcas de freguesia, com os dinâmicos José
Manuel Campos e Fernando Fachada, e os respectivos presidentes e vereadores das
câmaras municipais do Sabugal e de Foz Côa, tendo a seu lado um bom punhado de
vibrantes mulheres e homens das respectivas populações, provindos de
associações locais de cultura e desenvolvimento (“Foz Coa Friends e Associação
Recreativa de Fóios).
Um grupo de fozcoenses já fizera uma
visita a Fóios e de lá veio penhorado e feliz; agora vieram gentes dos Fóios a
terras da Foz do Côa. Mostraram-lhes os nossos o que teremos de melhor: os seus
monumentos (pelourinho e igreja matriz), as suas paisagens (terrestres e fluviais,
estas apreciadas num passeio pelo Douro até à Barca de Alva, com refeição de
produtos regionais servida a bordo) e depois uma visita ao Museu do Côa,
terminando com um lanche onde o convívio atingiu pontos altos, com destaque
para o grupo de “Cantares do Rancho Folclórico de Vila Nova de Foz Côa” e para
um sem número de improvisos, de ambos os lados e sempre felizes, porque
excelentes apontamentos etnográficos dos dois pontos extremos do Rio.
O dia estava ensolarado e ameno,
permitindo o prazer de um convívio natural entre gente que, da nascente à foz,
se identifica pelo seu amor ao Rio que os configura. Entre “primos”, filhos de
irmãos, sobrinhos do “Tio” Côa, o Tio-Rio que os encanta e lhes dá, com esse
parentesco, a razão de ser da alegria dos encontros.
Pois é assim mesmo que se faz crescer um
“Pacto de Amizade“...
M.D.
Fonte:
3 comentários:
Fui um dos 'fojeiros' felizardos que participou primeiro na paella dos Fóios e depois nesta magnífica visita a V. N. de Foz Coa, na viagem com lauto almoço no Rio Douro, na visita ao Museu do Coa e no convívio na junta de Freguesia, entre outros eventos que também incluíram uma visita à muito interessante Igreja fozcoense. As imagens estão óptimas. E as recordações desse dia não vou esquecê-las tão depressa.
José R. Pires Manso
www.dge.ubi.pt/pmanso
E, como todos os "Pactos de Amizade" exigem, outras oportunidades surgirão para ele crescer e dar frutos. Parabéns aos anfitriões e aos visitantes!
O Dr. Manuel Daniel abraçou desde o início, enquanto projeto, este “pacto de amizade”. Aquando da receção dos nossos “primos” da nascente do Côa, muito discretamente, conseguiu de imediato a atenção e simpatia de todos com as suas doutas explicações quanto às riquezas arquitetónica e histórica da nossa igreja matriz, durante todo o dia, sempre com a sua habitual discrição (afastando protagonismos), não se coibiu de esclarecer, pormenorizadamente, tudo que lhe era solicitado, foi, como sempre, um verdadeiro companheiro.
Agora, brinda-nos com este excelente texto, donde sobressai um genuíno calor humano que denota apenas o objectivo de fortalecer e solidificar este “pacto de amizade” tão desejado pelo nosso Rio (Tio) Côa.
Em cada reencontro com o Dr. Daniel, comprovo o que ouvi durante anos… “O Dr. Daniel é um verdadeiro Amigo”
O João Pala (Pai) diria: obrigado por tudo, meu bom e leal Amigo Dr. Daniel.
Eu subscrevo
Um forte abraço
João Pala
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