Duas composições cruzam-se na estação do Côa (foto FELIZES, 1960) |
As reacções ao evento levado a cabo pelo grupo de amigos "Foz Côa Friends" sobre a reabertura da linha de caminho-de-ferro entre o Pocinho e Barca d'Alva têm sido extremamente favoráveis, não só ao nível da população em geral, mas também por parte das entidades públicas responsáveis pela região duriense, designadamente o chefe da Estrutura de Missão do Douro, engenheiro Ricardo Magalhães e o presidente da Entidade de Turismo, dr. António Martinho, os quais, em declarações públicas já assumiram a necessidade e a importância da reactivação daquele troço da via férrea.
É bom relembrar aqui que o grupo "Foz Côa Friends" não é pioneiro nesta iniciativa. A reactivação da linha Pocinho-Barca d'Alva consta da agenda do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que em 2009 fez deslocar ao Pocinho a Secretária de Estado dos Transportes, a qual, em cerimónia pública, se comprometeu a reconstruir o referido troço da linha férrea, ainda que o mesmo apenas servisse para aproveitamento turístico.
Actualmente nada justifica que a linha se encontre desactivada e abandonada. É urgente a existência de uma via de comunicação que ligue todo o património do vale do Douro, do Parque Arqueológico do Côa e a sua ligação ao Douro Internacional e ao centro da região de Castilla y Léon.
A reactivação da linha entre o Pocinho e Barca d'Alva justifica-se hoje mais do que nunca e não são os vinte e cinco milhões de euros, verba apontada pela Secretaria de Estado dos Transportes, que poderá servir de travão a este empreendimento.
Portugal e a região do Douro Superior, agora enriquecidos com os Patrimónios da Humanidade, precisam de uma via de interligação que, não ferindo a paisagem, mas sim, melhorando a sua performance, permita aos milhares de turistas e visitantes não só desfrutarem comodamente da visita ao Parque e ao Museu do Côa, mas também de continuarem a idílica viagem de comboio até à fronteira de Portugal.
A estação do Côa abandonada, 2011 |
Em tempos de crise, é que os responsáveis políticos devem recuperar as estratégias e os projectos estruturais para o desenvolvimento sustentado, dando prioridade aos projectos executáveis e menos onerosos, abandonando ou adiando todos aqueles que, pela sua concepção megalómana, apenas poderão ser concretizados em tempo de vacas gordas.
A região do Douro e designadamente o espaço territorial compreendido entre o Pocinho e Barca d'Alva são de uma riqueza primordial para toda a região e para o nosso país e isso mesmo é reconhecido a nível internacional, não só pelos organismos culturais como a UNESCO, mas também pelas empresas de análise turística, como acontece com o Centro Mundial de Destinos Turísticos de Excelência com sede em Montreal, Canadá, que declarou o vale do Douro como um dos sete destinos turísticos de excelência do planeta!
Reabilitar o troço da via entre o Pocinho e Barca d'Alva não é uma utopia, como alguns comentam, muito menos em período de crise! O país não pode parar e agora, mais do que nunca, terão que ser racionalizados e aproveitados os recursos que a Natureza e a obra do homem, contemporâneo ou pré-histórico, ofereceu a esta belíssima região do país!
E se os nossos vizinhos espanhóis recuperarem a via férrea entre Barca d'Alva e San Esteban, como tudo leva a crer que aconteça, então teremos a cereja em cima do bolo. O Parque Arqueológico do Côa, o seu Museu e toda a inesgotável riqueza patrimonial do concelho de Foz Côa e regiões limítrofes terão uma via de comunicação directa ao centro da região de Castilla y Léon, onde residem mais de dois milhões e meio de pessoas. Tudo isto sem custos demasiados, nem construções faraónicas.
Ponte do caminho-de-ferro sobre a foz do Côa com o Douro, 2011 |
O vale do Douro não acaba no Pocinho e a linha férrea que o acompanha deve ser um elemento indissociável e complementar até à fronteira de Barca d'Alva, permitindo uma viagem de sonho que, até agora, apenas pode ser desfrutada até ao Pocinho.
Em 1987, mercê das políticas de abandono dos transportes públicos, a via férrea do Douro sofreu uma "trombose" na estação do Pocinho e toda a região a leste foi morrendo de inanição e de abandono. Justificar-se-ia na época?! Admitamos que sim! Mas hoje, quiseram os deuses operar o milagre da recuperação, oferecendo-lhe as gravuras do Côa, o Museu, o Centro de Alto Rendimento do Pocinho, a Siega Verde e as centenas de hectares de novas vinhas que cresceram na paisagem. O milagre dos deuses fez vistas curtas sobre a trombose da linha e não queiram os homens manter-lhe a doença coronária, que pode estrangular o tecido que tão milagrosamente vai sendo recuperado!
por José Ribeiro
3 comentários:
Texto elucidativo e conciso àcerca dos argumentos que o Grupo "Foz Côa Friends" apresenta para reivindicar a Reactivação da Linha do Douro, entre Pocinho e Barca d´Alva. A decisão que em 1987 se tomou, de encerrar este troço se pode (ou não) justificar, presentemente, deixou de ter justificação que ela assim continue. A região, o turismo, o comércio e o país em geral, só teria vantagens com a sua reabertura.
Parabéns pela iniciativa. Adorei o passeio. Que bonito ele não foi! - O tempo até ajudou . Começou meio cinzento e nublado mas depois o sol brilhou. Foi uma linda manhã. Ver todo aquele grupo de amigos, aspirando aqueles perfumes primaveris, lado a lado com o leito das tranquilas águas do Douro Maravilhoso. Ninguém se mostrou cansado, nem deu o tempo por perdido. À chegada à estação do Côa, termo da caminha, com inicio às oito e pico do Pocinho, parecia que ninguém estava cansado - Lá chegámos para ali unirmos as mãos, os braços, no mesmo apelo comum, voltados para o Rio, quando a barca da Senhora da Veiga, por ali sulcava as águas. Pena que se calhar ainda venha a passar muita água no rio, antes que o comboio, volte a ali a apitar sobre carris. Esperemos que não. Que, quando ali voltarmos, seja para lançar canas dos foguetes e finalmente fazermos a grande festa que, por agora, ficou apenas pelas canas - Um abraço amigo
Temos a certeza de que este é o caminho que temos de continuar a prosseguir e que não parará, assim todos nós o queiramos.
E queremos.
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