Não se passa em Foz Côa por acaso, é preciso querer para lá ir, e vale a Pena!
A Região
A viagem, seja qual for o seu local de partida, é sempre bonita, acompanhada de verde, campos cultivados, e, nalguns locais, das águas do rio, onde o Côa se encontra com o Douro. Na confluência dos dois rios existe uma ponte de ferro (herdada da via férrea Pocinho - Barca d’Alva, hoje desativada) que se atribui a Eiffel ou a algum dos seus discípulos.
A paisagem de grande beleza é uma constante antes e durante o passeio, com vales aquém e além da cidade, quase sempre cultivados com alguns dos produtos mais típicos da região: a oliveira, a vinha e as amendoeiras.
Num dos vales ergue-se aquela que é uma das mais importantes mostras de arte ao ar livre do Mundo, que foi, por isso, considerada monumento nacional em 1997 e património da humanidade no ano seguinte. A arte rupestre do Côa proporciona uma viagem única ao passado, retratando a vida social, económica e espiritual do primeiro antepassado da humanidade.
Em torno de Foz Côa, são diversos os locais onde a arte de várias épocas pode ser apreciada com roteiros que incluem estes núcleos de arte rupestre: Penascosa (Castelo Melhor), Canada do Inferno (Vila Nova de Foz Côa), Ribeira de Piscos (Muxagata), Fariseu (Muxagata) e No Rasto dos Caçadores Paleolíticos (Algodres e Almendra).
É nesta pequena e pacata cidade que se esconde um dos tesouros mais bem guardados do país, que sobreviveram ao tempo, à mão humana, à barragem, ao esquecimento.
Um local único no mundo, com arte de várias épocas gravada nas pedras, que se pode apreciar ao ar livre, ou, para quem quiser saber e compreender mais, com explicações precisas no recente Museu.
Um rio que corre através de paisagens rudes e semisselvagens, pontuadas de vinha, oliveiras e amendoeiras.
Uma vila calma onde é possível relaxar e apreciar a boa mesa, sempre presente, com destaque para os produtos ligados ao azeite, à amêndoa e ao vinho, entre muitas outras iguarias.
Antes de partir para o terreno, aconselha-se uma visita ao recém-inaugurado Museu do Côa, perfeitamente enquadrado na paisagem entre os rios Douro e Côa, onde se pode compreender melhor a arte dos nossos antepassados, cujas obras estão gravadas nas pedras do Parque Arqueológico do Vale do Côa há dezenas de milhares de anos.
O betão, numa cor que se funde com as rochas existentes naquela paisagem agreste do Douro Superior, esconde na sua estrutura densa, que lembra uma gruta, os segredos bem guardados da arte do Paleolítico e outras épocas. Aqui se descobre e compreende, recorrendo a amostras, réplicas e novas tecnologias, o valioso património que se estende por esta região e que constitui o mais importante conjunto de gravuras rupestres paleolíticas ao ar livre do mundo.
O Museu promove visitas guiadas, que se aconselham, para que se fique a conhecer melhor os nossos artistas antepassados que habitaram este local e das obras que criaram ao longo dos séculos.
O Parque Arqueológico, que se estende ao longo de cerca de 20 mil hectares, constitui-se como um Museu ao ar livre. É considerado o ajuntamento de arte ao ar livre deste período mais importante do mundo, onde estão identificados 50 núcleos de arte, ao longo dos últimos 17 quilómetros do Rio Côa, até se encontrar com o Douro.
Embora a maioria das gravuras presentes remonte ao Paleolítico superior, há também vestígios dos períodos Neolítico e Calcolítico, da Idade do Ferro e dos séculos seguintes, até ao século XX. Homens e mulheres deixaram a sua marca nas rochas, desde há cerca de 25.000 anos atrás até à atualidade.
Visitas Noturnas
Outra visita que se impõe, e que o Museu promove para grupos, é a visita noturna às gravuras. O caminho sinuoso faz-se em jipes do IGESPAR que levam os visitantes pela escuridão adentro até aos locais onde a arte das gravuras pode ser apreciada sob a melhor luz possível. Dizem os guias - com a experiência de quem realiza estas visitas noturnas há sete anos - que é nas noites de lua cheia que melhor se percebem a maioria dos desenhos, cujos traços ficam impercetíveis com a 'demasiada' claridade' da luz do dia. São estes guias de olho treinado que conduzem os visitantes pelos traços que os nossos antepassados deixaram esculpidos nas pedras até hoje. Quando não há luz da lua, a iluminação faz-se através de lanternas. Não perca, por isso, esta experiência e oportunidade únicas, de conhecer à meia-luz algumas das gravuras mais marcantes deste património inigualável. Estas visitas estão disponíveis mediante reserva.
O Douro Selvagem
Um dos momentos imperdíveis nesta visita é um passeio de barco pelo Rio Douro. Sugerimos o que parte do cais fluvial do Pocinho e se prolonga até Barca d'Alva, a bordo do "Senhora da Veiga", um barco propriedade da Câmara Municipal de Foz Côa que percorre este belíssimo cenário do Douro Superior que fica, normalmente, fora dos circuitos turísticos habituais.
Neste percurso é possível observar outro tesouro: o da paisagem desta região que se ergue ao longo das margens do Douro numa nuance mais selvagem e até rude, com as suas escarpas esculpidas por vinhas, oliveiras e amendoeiras. Ou não fosse Vila Nova de Foz Côa também conhecida como capital da amendoeira em flor.
Fonte: Ana Fonseca
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