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25 maio 2011

Clube UNESCO nasce em Foz Côa

A Comissão Nacional da UNESCO (CNU) e a Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa (Acôa) assinam, a 28 de Maio, o acordo que estabelece o «Clube Unesco Entre Gerações». Uma iniciativa que nasce na sequência da criação do projecto «Arquivo de Memória do Vale do Côa» e que visa recuperar quotidianos das populações da região.

Ana Clara; Fotos: Arquivo de Memória do Vale do Côa | terça-feira, 24 de Maio de 2011

O evento, que decorre no auditório do Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa passa, segundo a arqueóloga Alexandra Cerveira Lima, ligada ao projecto, por aprofundar as «relações entre gerações, contribuindo para a qualidade de vida dos mais idosos, conhecimento e formação dos mais novos, bem como aprofundar a ligação à comunidade local».
A também antiga directora do Parque Arqueológico do Vale do Côa refere que a ideia de criar o Clube Unesco surgiu na sequência de um contacto que o Parque Arqueológico do Vale do Côa estabeleceu com a Comissão Nacional da Unesco, muito antes da abertura do Museu do Côa e da criação da Acôa.

Recorda, por isso, que uma preocupação central do Parque Arqueológico era, desde finais de 2004, estabelecer plataformas de entendimento e cooperação com as entidades locais e regionais bem como pontes de contacto com as populações residentes.
«Foi este espírito de procurar aproximar as comunidades do seu património, de as tornar conscientes da sua valia patrimonial e científica, que me levou, na altura, enquanto directora do Parque Arqueológico, a contactar a Comissão Nacional da UNESCO, procurando informações, pistas e apoio para a possibilidade de criação de um Clube ou Centro UNESCO na região, por entender que poderia ser uma forma interessante de criar pontes para a comunidade e desenvolver acções conjuntas», explica Alexandra Lima.
Nos últimos anos, salienta a responsável, consolidou-se a ideia de cruzar este projecto com um outro, «que vinha fazendo a sua história também no âmbito do Parque Arqueológico: a criação de um centro de documentação da região do Vale do Côa, o que viria a designar-se Arquivo de Memória».

«De facto, o Parque Arqueológico, em colaboração com os 10
municípios da Associação de Municípios do Vale do Côa (AMVC) e com outras entidades, nomeadamente o Museu da Casa Grande de Freixo de Numão, tinham preparado a candidatura da criação de um centro de documentação do Vale do Côa ao Programa Foral, candidatura que não foi financiada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento regional do Norte (CDRN), embora esta tivesse mostrado abertura para financiar a componente que lhe competia»,

Não tendo sido financiada a criação deste centro de documentação, foi possível começar a articular este projecto com uma outra preocupação que então o Parque Arqueológico vinha desenvolvendo: «a incapacidade de chegar, com a sua acção, aos mais idosos».

«Se, nos últimos anos, a cooperação entre o Parque e as escolas da região, muito particularmente as escolas de Vila Nova de Foz Côa, era uma realidade, muito dificilmente com os meios humanos disponíveis seria possível uma actividade consistentemente mais próxima dos lares e centros de dia da região (embora se tivessem feito algumas esporádicas tentativas de aproximação)», realça.

A ideia, vinca Alexandra Lima, era articular jovens das escolas e idosos dos lares para, com a orientação de técnicos, constituírem o Arquivo de Memória, e que foi ganhando corpo.

Depois de reunidas as várias linhas de actuação, a Fundação Calouste Gulbenkian possibilitou então a candidatura ao programa inter-geracional, que visava apoiar projectos desta natureza.
«A Acôa, entretanto criada, mais vocacionada para a articulação com as comunidades residentes, candidatou o projecto ‘Arquivo de Memória’ e, em boa hora, viu o seu intento financiado. A Comissão Nacional da UNESCO, entretanto contactada, considerou que o projecto ‘Arquivo de Memória’ se revestia das condições e requisitos necessários para a constituição de um Clube UNESCO na região», explica.

Objectivo do Clube:Desta forma, o objectivo deste Clube que nasce a 28 de Maio, sábado, em Vila Nova de Foz Côa visa «aprofundar a componente científica e de investigação, procurando uma colaboração estreita e permanente com universidades, desenvolvendo assim a componente científica».


Visa também alargar geograficamente a sua actuação. «Para cumprir este desiderato, foi candidatado o alargamento do projecto ao PROVERE do Côa, através da Associação de Municípios do Vale do Côa, que deu à iniciativa todo o apoio, e da Associação Territórios do Côa, que o integrou na candidatura. Pretende-se que este projecto-piloto possa alastrar a outras freguesias do concelho de Vila Nova de Foz Côa e a outros concelhos do Vale do Côa, desde logo os outros três concelhos do Parque Arqueológico: Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel», acrescenta Alexandra Lima.


O projecto viveu até agora do financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, que contribuiu com 30 mil euros e que permitiram adquirir material, manter a equipa ao longo de um ano e assegurar diversas colaborações técnicas.

O valor previsto na candidatura ao Provere é de 100 mil euros (ascendendo o financiamento comunitário, se ocorrer, a 70% deste valor).

Para além da Acôa integram este Clube Unesco, entidades como a Arte e Cultura no Douro e Côa, a Junta de Castela e Leão, a Associação Transumância e Natureza e Associação de Municípios do Vale do Côa.

1 comentários:

Um exemplo a seguir! Memórias imateriais que devem ser transmitidas ás novas gerações para que conheçam as suas origens. Parabéns aos participantes do Projecto

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