O Douro vem muito de mansinho
E depois de passar frente ao Pocinho
Murmurou sem preconceito ou embaraço:
Foz Côa, hoje é o meu dia de sorte.
Arrasta-te um pouco cá p’ra norte
Que eu quero dar-te um grande abraço
E foi com esta lenda terna e meiga
Que o Douro criou aquela veiga
E lhe deu os primeiros habitantes.
Mais tarde muitos foram p’ró planalto
Mas outros não quiseram dar o salto
Ficando nas Cortes como dantes
E a Senhora da Veiga, Mãe de Deus
Querendo juntar os filhos seus
Daquelas duas póvoas separadas
Promove devotas procissões
Que envolvem piedosas multidões
Pela Mãe do Céu abençoadas
O Douro chora sempre de emoção
Ao circundar o seu Monte Meão
Terra que foi por si criada
Ele sabe que aí tudo está bem
E até a Senhora nossa Mãe
Decidiu fazer lá sua morada
Eu como fozcoense nato e puro
Vou pedir às musas do Douro, eu juro
Que este meu anseio se transcenda
Que o sonho de amor-pátrio que sonhei
Não se apague no momento em que acordei
E seja transformado nesta lenda
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