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11 julho 2011

Os Castelos de Vila Nova de Foz-Côa

"O concelho de Foz Côa, onde prosperou a civilização castreja, possui diversos monumentos de vigia e defesa, entre eles os interessantes castelos de Castelo Melhor, Castelo Velho (Freixo de Numão) e Numão (…) Se porventura outros valores à sua volta não houvesse, os castelos fozcoenses merecem só por si uma visita tranquila. Para além do seu próprio significado, a visita a estes locais acaba por ser premiada pela beleza e grandeza do panorama que deles se desfruta, oferecendo aos visitantes os mais extensos e belos panoramas da região alto-duriense."







Castelo Melhor

O Castelo de Castelo Melhor localiza-se em posição dominante no alto de um monte, coroando-o, actualmente cercado pelo arvoredo, constituiu-se num castelo secundário na defesa do território de Ribacôa.


 O castelo é medieval, possivelmente construído sobre um castro pré-romano. Na época da Reconquista cristã da península Ibérica, tendo a região sido conquistada pelas forças do reino de Leão, a povoação recebeu, das mãos do rei Afonso IX de Leão, a sua primeira Carta de Foral (1209), ocasião em que o soberano determinou a reconstrução e reforço das suas defesas.



Integrante do território de Ribacôa, disputado a Leão por D. Dinis (1279-1325), a sua posse definitiva para Portugal foi assegurada pelo Tratado de Alcanices (1297).
O soberano confirmou o foral leonês em 12 de Junho de 1298.

Novos trabalhos de ampliação e reforço da defesa desta aldeia fronteiriça tiveram lugar durante o reinado de D. Fernando (1367-1383), no contexto da campanha que empreendeu contra Castela.
Em meados do século XV, sob o reinado de D. Afonso V (1438-1481) a vila de Castelo Melhor e seus domínios foram doados à família dos Cabral. Durante a Guerra da Restauração em 1640, fizeram-se novamente obras de restauro.




A muralha em aparelho de xisto, circunscreve um polígono irregular com uma única porta em arco quebrado a NW e uma torre de planta circular adossada à muralha, a N. No interior, na praça de armas, existe uma cisterna de planta circular e ainda vestígios de vários edifícios.
Actualmente o castelo encontra-se bastante degradado e em grande estado de ruína. É provável que ali se venham a encontrar diversas estruturas medievais enterradas, bem como uma necrópole tardo-medieval no interior da sua muralha, quando nele vier a ser feita uma prospecção arqueológica, que se justifica, tanto no seu interior como na zona exterior envolvente.


Castelo Velho



O Castelo Velho localiza-se na Freguesia de Freixo de Numão a 694 metros de altitude. Descoberto em 1980 pelo arqueólogo António Sá Coixão, investigado e musealizado pela Prof.ª Susana Oliveira Jorge entre 1989 e 2003.

Trata-se de um sítio arqueológico, constituído pelos vestígios do que se acredita possa ter sido um castro pré-histórico. Implantado no alto de um esporão de xisto, aproveitando as condições naturais de defesa, é actualmente considerado um dos mais importantes povoados do Noroeste da Península Ibérica.
Há cerca de cinco mil anos um grupo de pessoas ali construiu um castelo, com duas linhas de muralhas e uma torre central. Pode-se falar de um povoado fortificado do Calcolítico (Idade do Cobre), onde estariam alojadas cerca de 40 pessoas. Depois de um provável abandono, em data não determinada, volta a ser ocupado no II Milénio A.C, em plena Idade do Bronze.
As cerâmicas decoradas com cordões e mamilos, características destes povos, são abundantes neste nível de ocupação. As casas seriam de madeira revestida com barro e cobertura de colmo, localizadas encostadas às muralhas, até para abrigo dos ventos fortes que ali se fazem sentir todo o ano.
Rodeado por linhas de água, este povoado tem no centro um recinto, delimitado por muralhas e do lado sul uma rampa pétrea.
No interior do recinto existe uma torre rodeada por quatro estruturas, há depois uma linha de muralha interrompida. Há outras estruturas subrectangulares e um grande torreão anterior a toda a estrutura pétrea. Este complexo foi todo construído de uma só vez (cerca de 3000 a.C.) e todo o conjunto foi mantido até 1300 A.C., tendo uma ocupação desde o Calcolítico ao Bronze Pleno.  Ao longo do tempo, preservaram-se e reutilizaram-se globalmente as muralhas e a torre central, embora talvez, não lhes dando a mesma função. As muralhas podem ter sido reduzidas a muretes delimitadores do espaço interior do povoado, perdendo a eventual capacidade defensiva.
Este sítio está rodeado por um conjunto de montes mais altos que o sítio propriamente dito, apesar de ter uma grande visibilidade na paisagem.


Na opinião dos arqueólogos Prof. Drª Suzana Jorge e Dr. António Sá Coixão, aqui “tanto poderia ter havido um povoado fortificado ou ser apenas um sítio monumentalizado”. Este tipo de Castro não tinha funções de fortificação, o que nos dá uma ideia da vivência e das crenças dos povos primitivos que por aqui passaram.






A visita a este local presenteia-nos com a beleza e grandeza do panorama que dali se desfruta. De aproveitar também, subir a uma torre construída com a   intenção de se observar o castelo por cima.
Este “sítio” integra actualmente o Parque Arqueológico do Vale do Côa.

 

Castelo de Numão



O Castelo de Numão localiza-se na freguesia de Numão e ergue-se num cabeço rochoso a 677 metros de altitude. Típico castelo de montanha com as suas muralhas dispersas de forma ondulante sobre as escarpas rochosas.









Apresenta uma planta oval irregular ocupando uma área de 336 hectares e as suas muralhas quase não apresentam ameias.







 As muralhas são reforçadas por torres (originalmente quinze, actualmente seis), algumas das quais adossadas pelo exterior.  




Nelas se rasgam quatro portas:

·   Porta de São Pedro, a Leste, guarnecida por uma torre, apresenta arco apontado, com cobertura em abóbada de berço;
·   Porta do Poente, a Oeste, de figura semelhante;
·   Porta Falsa (poterna) a Sudeste, em arco quebrado;
·   Porta principal, a Sul, abrindo apenas até às impostas do arranque do arco.

 
Ao centro da praça de armas abre-se uma cisterna de planta circular, com cerca.
A  Igreja de Santa Maria, construída dentro do castelo e hoje em ruínas, apesar de tantas adulterações sofridas ao longo dos tempos, mostra bem a sua traça românica.







Extra-muros existe uma Necrópole com sepulturas cavadas na rocha, junto às ruínas da antiga Capela (ou igreja) de S. Pedro.



Em 960, o castelo de Numão pertencia, juntamente com outros, a D. Châmoa Rodrigues que o doou ao convento de Guimarães, através de sua tia, a Condessa Mumadona. Deve, entretanto, ter sido ocupado pelos mouros, pois, segundo alguns, Numão terá sido reconquistado por Fernando I, o Magno, de Leão, em 1055.





A sua construção foi de D. Afonso Henriques (1130), mas a primitiva ocupação humana deste sítio remonta à pré-história, ao período Neolítico. Acredita-se que um castro dos Lusitanos tenha aqui sido erguido e posteriormente romanizado.
O castelo primitivo poderá ter sofrido bastante nas lutas com os mouros, levando a que nele se realizassem obras de melhoramento, em 1189, no reinado de D. Sancho I.



Inscrito actualmente no Parque Arqueológico do Vale do Côa e  monumento nacional, conforme Decreto-Lei de 16/6/1910.



Fonte: (1) (2) (3)
Imagens de: Adriano Ferreira

2 comentários:

Uma reportagem muito boa a nível de fotografia e de informação muito completa!

É pena o mau estado de conservação de alguns deles, ao contrário dos seus vizinhos espanhois.

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