O patenteado interesse sobre o futuro do troço da Linha do Douro – Pocinho / Braça de Alva, levou-me a solicitar permissão a alguns autores de textos e fotografias sobre o tema, para poder reproduzir alguns desses interessantes trabalhos e experiencias neste blogue. Felizmente, as respostas foram positivas.
Mais recentemente, mas com uma incidência crescente, vem-se colocando a possibilidade de se exigir um destino digno para este troço da linha do Douro que, “alguém”, com pouca ou nenhuma sensibilidade humana, cultural e até económica, teve o desplante de cometer a tamanha “malvadez” de o desmantelar.
No fim-de-semana passado fui Douro acima até ao Pocinho para aí dar inicio a uma caminhada pela linha férrea abandonada entre o Pocinho e Barca d'Alva. Sabia que seriam 28 km pela linha e que seria melhor parar a meio para pernoitar em Vila Nova de Foz Côa. Não tinha hotel reservado (como sempre) nem sabia se existiam transportes para me trazer de volta ao comboio no domingo à tarde. Aliás, esta foi a maior dificuldade pois condicionou todo o dia de sábado até ter a confirmação por telefone do Posto de Turismo de Barca d'Alva.
A primeira parte do percurso feita no primeiro dia correu muito bem, tirando aquela subida ingreme de quatro ou cinco quilometros entre a Estação do Côa e Vila Nova de Foz Côa. Para a próxima recomendo fazer tudo de uma só vez (seria de loucos), ou arranjar um carro para me vir aí buscar (o mais razoavel), ou então acampar no meio da linha, como já fizeram várias vezes um grupo de Escuteiros que encontrei em Barca d'Alva.
Passei o resto do dia em Vila Nova de Foz Côa onde almocei um lombo de porco assado muito bem guarnecido e muito em conta (Petisqueira Vieira), arranjei onde ficar a dormir (Residencial Marina), obtive a informação sobre os transportes para o regresso, e foi por pouco (20 min) que não fiz o tour das gravuras.
O segundo dia começou com o melhor pequeno almoço da minha vida (comparando qualidade-preço), uma meia-de-leite normal e o maior torrada do mundo com duas fatias de broa ... tudo isso pela módica quantia de 1,40 euros. Depois desci pelo mesmo percurso do dia anterior - o que apesar de ser a descer não quer dizer que tivesse sido mais fácil - e tornei a entrar na linha. O percurso continuou lindo mas mais extenso e perdi um bocado a noção da distância. Cheguei a Barca d'Alva às três da tarde, ainda a tempo de lanchar qualquer coisa pois a camioneta só arranca ás quatro e meia.
Gostei bastante de fazer este percurso e penso que vou voltar a fazer outros do género. Por enquanto ficam só estas duas fotografias, a primeira é do inicio do percurso no Pocinho, a segunda é da Estação de Barca d'Alva; depois vou colocando outras.
Música: Tunnel of love - Dire Straights.
Extensão: 28 km
Inicio: Estação do Pocinho
Fim: Antiga estação de Barca d'Alva
Caracteristicas: Percurso longo, sempre sobre carris, aconselhando calçado apropriado (sola dura e protecção da articulação do tornozelo); algumas derrocadas e obstruções de via.
Grau de dificuldade: Dificil, devido às caracteristicas do piso e à distância, sendo aconselhável dividir o percurso em duas partes.
Pontos notáveis: Antigas estações de Côa, Castelo Melhor, Almendra e Barca d'Alva e Ponte internacional sobre o Águeda.
Acessos: Ao inicio, de comboio pela linha do Douro ou de automovel pelo IP2 a partir de Celorico da Beira (do Porto, pelo IP4 até ao nó de acesso a Vila Flor, seguindo daí para o Pocinho); ao final, pelo estradão que sai do topo norte da barragem do Pocinho e segue por Peredo dos Castelhanos, Urros e Ligares, descendo desta aldeia para Barca d'Alva e atravessando o Douro frente à vila.
Cartas 1/25.000 do I.G.E. 130, 141 e 142.
Retirado do livro "Pelas Linhas da Nostalgia" de Rui Cardoso e Mafalda César Machado.
Links visitados:
22 Mar 2009: todas as fotos podem ser vistas aqui.
09 Set 2009: Para ver as carreiras de autocarros aqui.
A pedido do autor (Blogue - Outro Lado): “Se o interesse é a Linha, o interesse que ela desperta e o estado da mesma, veja também este post (http://pm-outrolado.blogspot.
Para poder desfrutar de uma paisagem de beleza impar, de confraternização sã, mas também testemunhar o abandono inadmissível deste PATRIMÓNIO.
PARTICIPE.
Está a ser organizada pelo Luís Maio Urbano (Castelo Melhor).
Hora | Sábado, 23 de Abril · 7:00 - 14:00 |
Local | Castelo Melhor, Vila Nova de Foz Côa Largo do Cemitério Castelo Melhor, Vila Nova de Foz Côa |
Criado por | |
Mais informação | Data limite de inscrição - 08 de Abril de 2011. Distância total: 19 Km Distâncias entre estações (aprox) : Barca d'Alva - Almendra: 8 Km; Almendra - Castelo Melhor 4 Km; Castelo Melhor - Côa 7 Km. |
Mais informações (aqui)
3 comentários:
Olá João,
Obrigado pela divulgação.
Olá Luís
Limitei-me a fazer a minha parte, apoiar as boas iniciativas é uma obrigação
Contamos com um relato pormenorizado dessa “aventura”.
Um abraço
Tomei conhecimento com Daniel, responsável/fundador da associação todavía, de Figueira C. Rodrigo, que me transmitiu ideias interessantes e aqui passo a transcrever aos Fozcôafriends.
A questão é que em primeiro lugar devemos saber o que queremos para a via/linha do Douro? Disse.
Tenho a impressão que todos estes movimentos andam mal esclarecidos... Ou pelo menos não têm presente, aquilo que a associação Todavía, que anda nas reivindicações há anos, já tem como experiência.
Acrescentou, que se queremos esperar eternamente que o Estado faça alguma coisa, não vamos a lado nenhum...
Não existem batalhas ganhas se não houver gente com determinação, pois reivindicar sem esclarecimento e acção concreta é coisa do passado.
Já acabou o tempo de passear, apenas serve reivindicar o papel do Estado na via do Douro... Que eles também já fizeram apenas isso, mas que agora estão a trabalhar num projecto concreto e que começa já em actividade a 12 e 13 de Março.
No caso da linha do Douro, presentemente temos de por de parte as mercadorias e os passageiros, e pensando se existe um binómio de peso/velocidade que permite voltar a pôr as linhas a funcionar, que não custam os milhões que falam por aí...
Que é possível, aos poucos, reabilitar pequenos troços, e estes podem ser explorados por associações, e não apenas por um grande grupo económico… , que o actual estado das pontes e da via permite o uso de pequenos veículos, … que existe uma palete de possibilidades de transportes, com um máximo de 3 mil kg cada, para um uso a 30 ou 40km/hora, com um investimento na recuperação muito baixo que esses milhões...
É que em toda a Europa e também em Espanha o Estado tem protocolado/concessionado troços para o uso turístico, mas em Portugal ainda não, e é por isso que estamos a começar primeiro na parte espanhola da linha do Douro. Acrescentou…
Cabe também a nós Fozcôenses (Portugal), determinar objectivos, face às necessidades das suas populações e sair em prol do seu desenvolvimento.
A persuasão, só é efectiva se for bem fundamentada. Por isso se insiste na génese da questão. “ De fronteira “, Portugal e Espanha, que podemos eventualmente unir-nos.
Que só a união faz a força, que só os grandes se afirmam e só os de vontade em concretizar e convictos se evidenciam, acrescentei.
Pediu-me que transmitisse esta ideia em nome da sua associação! Que era importante estar nesta actividade, um representante do grupo de Foz Côa.
Disse-lhe que já havia um grupo a trabalharem numa caminhada de Pocinho- Estação do côa, que apenas, neste momento, podia servir de mediador, e que podia contar com meu total apoio.
Que existem vários grupos, plataformas, movimentos, que estão a reivindicar a abertura das vias de ferro. E que isso podia de facto criar riqueza e rendimento, cultura, e desenvolvimento turístico, para os que cá estão... Este é o grande tema e que ninguém tem falado até ao momento.
Acrescentei, opinando que a riqueza e desenvolvimento desta região apenas se podia afirmar se a linha do douro nascesse no Porto e fosse até Salamanca. Uma via totalmente nova que permitisse o acesso rápido a médicos e hospitais do Porto em 2h00, em vez das 4h30 presentes.
Assim um acesso mais rápido à Europa, envolvendo todas as câmaras como força potencial ao movimento da reivindicação, ir a Bruxelas provar a sua utilidade, mas isto tudo englobando populações, associações e movimentos adversos interessados.
Há um enorme trabalho pela frente, …eu estou confiante. E tu?
Fozcôense...
by: HERMINIO LEMOS
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