A construção da linha
Esta linha internacional de caminho de ferro de Barca D'Alva a La Frageneda e a Salamanca era de via larga e ligava a linha do Douro à rede ferroviária espanhola.
Com o terreno mais plano em território de Espanha, depois de La Frageneda, o traçado já era mais tranquilo e a circulação era mais rápida, mas já sem as "aventuras" passadas na acidentada margem direita do rio Águeda. Los Lumbrales era a paragem seguinte e que antecedia Fuentes de San Estevan/Boadilla.
Foi seu construtor, um sindicato constituído por um conjunto de bancos do Porto que se transformou na Companhia das Docas do Porto e Caminhos de Ferro de Salamanca à Fronteira portuguesa e foi, posteriormente, transferida para a Companhia de Caminhos de Ferro do Oeste de Espanha.
Depois de muitos avanços e recuos, nomeadamente em relação à localização da ponte internacional sobre o rio Águeda, os trabalhos foram iniciados no ano de 1882, tendo demorado cerca de 6 anos a finalizar. Foi inaugurada a 9 de Dezembro de 1887 com a abertura à exploração pública do serviço directo Porto-Salamanca, tornando-se a unica via férrea construída em território estrangeiro por conta de portugueses e do Governo português.
Devido às difíceis características do terreno próximo da fronteira, na margem direita do Rio Águeda (o desnível entre uma cota próxima de La Frageneda e a cota de Barca D'Alva é de 300 metros), foi necessário executar inúmeras obras de arte das quais se destacam: 20 pontes (13 das quais nos 17 km de linha mais próximos da fronteira) e 19 túneis entre Barca D'Alva e La Frageneda.
A partir desta gare, o traçado era plano até à estação seguinte Los Lumbrales e Fuentes de San Estevan/Boadilla, onde se fazia a ligação de Vilar Formoso e Fuentes di Oñoro, com seguimento até Salamanca.
A linha que serviu muitos portugueses e emigrantes nos países europeus, especialmente em França, e utilizada por Jacinto, o personagem central do romance de Eça de Queirós. "A Cidade e as Serras", no seu regresso a Tormes, em Trás-os-Montes, foi encerrada ao tráfego em 1 de Janeiro de 1985, quando já fazia parte da actual empresa de caminho de ferro de Espanha, RENFE.
A paisagem
Até 1 de Janeiro de 1985 o comboio saía da estação de Barca D'Alva e após uns quinhentos metros atravessava o rio Águeda, afluente do rio Douro, por uma ponte metálica.
Ao vencer esta travessia, o comboio, assim que entrava em território espanhol, tinha o "prazer" de se esconder da natureza ao passar pelos túneis que se seguiam com muita frequência, num cenário de inolvidável beleza. O comboio entrava num túnel, saía para entrar numa ponte, voltava a entrar noutro túnel, depois mais uma ponte e outro túnel e assim sucessivamente até La Frageneda. Tudo isto se passava na margem direita do rio Águeda que serve de fronteira por alguns quilómetros aos dois países.
De notar que nos diversos túneis deste sinuoso traçado ferroviário, havia alguns em que a dificuldade de circulação era maior, motivada quer pela grande inclinação geográfica quer pela existência de um enorme habitat de numerosas colónias de morcegos. Na escuridão, o comboio que passava colhia-os às dezenas, tornando os carris gordurosos. Com alguma negligência e falta de experiência, o comboio patinava, sendo então necessário o seu recuo para fora do túnel e retomar um andamento algo mais veloz para ultrapassar esta dificuldade inesperada da natureza.
Esta estação era o entroncamento com a linha proveniente de Vilar Formoso e Fuentes d'Oñoro, com seguimento até Salamanca, estação terminal desta via férrea proveniente de Barca D'Alva e que assegurava a ligação Porto/Salamanca.
José Ribeiro da Silva
Texto recebido de Tony Maximino (Max), actualmente a viver no Canadá.
1 comentários:
A fotografia a preto e branco foi tirada em 1952,na estação do Pocinho, quando da vinda da equipa do F.C.Porto a Moncorvo.Na fotografia aparecem pessoas de Moncorvo e jogadores do Porto.Foi o dia mais importante na história do desporto em Moncorvo.O presidente do FC do Porto era o doutor Urgel Horta, natural do Felgar (Torre de Moncorvo).
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