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04 março 2011

OS MUROS-APIÁRIOS DO PARQUE ARQUEOLÓGICO DO VALE DO CÔA.



Autora: 
Dalila Susana da Rocha Correia (n. 6 de Dezembro de 1977) é natural de Vila Nova de Foz Côa. Em 1996 inicia o seu percurso no mundo da arqueologia, no recém-criado Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), exercendo funções de Guia/intérprete.
Em 2002 conclui a Licenciatura de História, Variante de Arqueologia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Desde 2004 desenvolve trabalho no Centro Nacional de Arte Rupestre, sob a direcção de António Martinho Baptista. Em 2007 o CNART é extinto e integrado no PAVC, serviço dependente do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, voltando assim a exercer funções no PAVC, nomeadamente ao nível da investigação e divulgação da arte rupestre e do património arqueológico.


Resumo
O Baixo Côa corresponde a um território agreste por onde correm sinuosas linhas de água ladeadas por encostas íngremes e de difícil acesso. O clima caracteriza-se pelo rigor do Inverno e pela extrema secura do Estio. Na Primavera, a paisagem cobre-se de um manto exuberante e multicolor graças à enorme diversidade de florações. O observador mais atento poderá notar o zumbir do enxame a aproveitar este momento de ricas pastagens.
No território do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) podemos ainda hoje observar construções que se impõem na paisagem e que terão tido como primeira função guardar as obreiras do mel. O número elevado destas verdadeiras “fortalezas” e o esforço empreendido para as erguer em encostas muitas vezes com declive acentuado, revelam por si só a importância que o mel e a cera teriam na economia doméstica.
Este trabalho pretende dar a conhecer os muros apiários que inventariámos na área do PAVC e ainda outros que, por se situarem imediatamente no limites desta área, tivemos oportunidade de registar. Ao longo do trabalho detectámos diferentes tipologias de construção, variadas implantações, diversos modos de construção, várias matérias-primas utilizadas e distintos usos na actualidade. A diversidade existente é reflexo de períodos em que a produção melífera certamente pesou de forma diferente na economia da região ou mesmo a nível nacional. As flutuações da procura do mel e da cera e o desaparecimento do maior predador das colmeias – o urso – foram responsáveis por uma progressiva diminuição da dimensão dos muros apiários, numa primeira fase, e pelo seu abandono, numa segunda.
Nos dias que correm, e para a maior parte dos casos, já não existe memória da construção e uso de muros-apiários, nem mesmo entre o segmento da população detentora de saberes mais antigos. Este aspecto relacionar-se-á com a conclusão a que chegámos durante a elaboração deste estudo, a saber: a cronologia de um número significativo de muros-apiários será bastante recuada.
Relativamente ao mel, ainda hoje tem um lugar de destaque entre os produtos do Vale do Côa, fruto quer da sua qualidade, quer da relativa quantidade de produção, dados que por si só atestam a grande potencialidade melífera da região. ”
[…]

Este excelente trabalho poderá ser lido na sua totalidade (aqui).


Ainda sobre o mesmo tema, aqui fica este vídeo:

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